CIA confirma que Iraque não tinha armas de destruição em massa

Agências Internacionais

Atualizada em 27/03/2022 às 14h58

WASHINGTON - Contradizendo o principal argumento usado para justificar a guerra contra o Iraque, inspetores de armas dos Estados Unidos afirmaram, nesta quarta-feira, que não encontraram provas da existência de armas de destruição em massa no Iraque após 1991, quando o país árabe foi vencido pelos EUA após ter invadido o Kuwait. Segundo a CNN, o relatório do grupo da CIA (agência de inteligência americana) também afirma que a capacidade do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein de fabricar esse tipo de artefato foi reduzido devido aos embargos impostos ao país.

- A análise mostra que, apesar de Saddam ter manifestado desejo de guardar o conhecimento adquirido de sua equipe nuclear e suas tentativas de manter partes-chave do programa, durante o período de 12 anos (depois de 1991) a capacidade do Iraque de produzir armas (de destruição em massa) decaiu - afirmou o chefe do grupo e conselheiro especial da CIA, Charles A. Duelfer, confirmando que o Iraque não tinha estoques de armas químicas e biológicas quando a ofensiva americana começou, no ano passado.

- Eu ainda não espero que armas de destruição em massa militarmente significativas estejam escondidas no Iraque - disse Duelfer diante do Comitê de Serviços Armados de Senado americano.

As afirmações de Duelfer surgem menos de um mês antes da eleição presidencial nos EUA e em um momento em que o Iraque centraliza grande partes da questões nos debates entre os candidatos e discussões com a sociedade.

O relatório do inspetor pode reforçar a argumentação de Kerry de que Bush partiu para a guerra baseado em informações falhas de inteligência, em vez de esperar o resultado das sanções e das inspeções de armas feitas por equipes da ONU no Iraque.

Apesar do golpe contra a administração federal, Duelfer endossou o argumento de Bush de que Saddam continuava uma ameaça. Segundo o conselheiro da CIA, entrevistas com o ex-ditador e outros integrantes da cúpula do regime derrubado deixaram claro que Saddam não havia abandonado sua ambição de possuir armas de destruição em massa e deveria retomar seus programa bélico caso as sanções das Nações Unidas contra Bagdá fossem suspensas.

Encurralado pelo mau desempenho no debate com o democrata John Kerry na semana passada e experimentando queda em pesquisas de opinião, o presidente George W. Bush partiu para o ataque. Bush não só reafirmou que Saddam Hussein era uma ameaça para os EUA - em franca decadência, segundo o relatório da CIA - como também alimentou a tese de possíveis laços entre o Iraque e terroristas da Al-Qaeda.

Nesta quarta-feira, num evento de campanha em Wilkes-Barre, na Pensilvânia, Bush antecipou-se à divulgação do relatório, aparentemente tentando esvaziá-la.

- Depois do 11 de Setembro, os Estados Unidos tinham que avaliar cada ameaça potencial sob uma nova luz. Nosso país acordou para um perigo ainda maior: a perspectiva de que terroristas que mataram milhares com aviões seqüestrados matassem ainda mais com armas de assassinato em massa. Nós tínhamos que olhar para cada lugar onde terroristas pudessem obter essas armas, e um regime se destacava: a ditadura de Saddam Hussein.

Mas os democratas deram o troco no Senado. Um dos mais célebres democratas na Casa parlamentar, Carl Levin, senador por Michigan, disse que as informações passadas por Duelfer minavam os dois principais argumentos usados para invadir o Iraque: Saddam possuía armas de destruição em masssa e que ele as dividiria com terroristas, como os da Al-Qaeda.

- Nós não fomos à guerra porque Saddam tinha intenções de obter armas de destruição em massa - alfinetou Levin.

Mike McCurry, um dos mais importantes conselheiros do candidato democrata à Casa Branca, acrescentou:

- Isso é um comentário bastante significativo sobre um argumento equivocado para a guerra apresentado por esta administração (Bush). É muito preocupante que eles possam ter sido tão equivocados sobre algo tão fundamental como levar os EUA à guerra.

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