PARIS - A discriminação contra judeus e muçulmanos está se aprofundando na França, afirmou o relatório de uma comissão nacional de direitos humanos na quinta-feira. Segundo o documento, o anti-semitismo está por trás da maioria dos crimes de racismo, e a hostilidade contra o Islã é crescente.
Apesar de o número total de crimes causados pelo racismo ter caído em comparação a 2003, sua constante ocorrência e as atitudes discriminatórias entre estudantes são motivos de preocupação, afirmou o documento.
"A ligação com os acontecimentos internacionais, já observada em anos recentes, foi confirmada em 2003, com um pico no início da guerra no Iraque", disse Joel Thoraval, chefe da Comissão Consultiva Nacional em Direitos Humanos. Ele não especificou quem seriam os perpetradores dos crimes e as vítimas.
A versão final de um polêmico relatório da União Européia, divulgada na quarta-feira, acusou "jovens brancos europeus ressentidos" pelo aumento da violência anti-semita. Uma versão inicial havia responsabilizado jovens muçulmanos pelo crescimento dos ataques contra judeus na Europa. "A violência anti-semita está criando raízes e ficando mais grave", disse Thoraval sobre a situação na França, depois de apresentar o relatório ao primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin.
A violência anti-semita respondeu por 72 por cento dos crimes de ódio e ameaças registradas na França no ano passado - 588 casos num total de 817, segundo o relatório. Em 2002, 932 dos 1.313 atos de violência racista eram contra judeus. Em 1995, o total de crimes e ameaças ligadas ao racismo na França foi de 614 e, em 1990, de 189.
Levando em conta a violência racista que não era anti-semita, 80 por cento dos ataques foram contra muçulmanos, disse o texto. "Nos anos 1990, a tendência dominante era de hostilidade contra a imigração norte-africana", disse Thoreval. "Agora é a hostilidade contra o Islã, contra os muçulmanos, que é associados a locais inseguros, ao fundamentalismo ou ao terrorismo."
Segundo Thoraval, a maioria dos crimes motivados por racismo foi cometida na Grande Paris, e houve poucas prisões. O relatório também ressaltou que muitos sites da Internet estavam espalhando mensagens antimuçulmanas, e que o vocabulário racista se tornou preocupantemente comum nas escolas francesas.
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