Descoberta

Pesquisadores da Ufma confirmam presença de peixe-leão em área de preservação no Maranhão

O peixe-leão é originário do Oceano Pacífico e, fora de seu habitat natural, representa uma séria ameaça à vida marinha.

Imirante.com, com informações do g1-MA

A descoberta será formalizada em um artigo científico.
A descoberta será formalizada em um artigo científico. (Foto: Nepac / Ufma)

MARANHÃO - Uma expedição científica realizada por pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (Ufma) identificou, pela primeira vez, a presença do peixe-leão no Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís, uma das regiões mais ricas em biodiversidade da costa norte brasileira. O achado acende um alerta sobre os riscos ambientais provocados por essa espécie.

O peixe-leão é originário do Oceano Pacífico e, fora de seu habitat natural, representa uma séria ameaça à vida marinha. Com grande capacidade de reprodução e ausência de predadores no Brasil, esse peixe pode afetar a biodiversidade local, comprometer atividades pesqueiras e até impactar o turismo em regiões costeiras.

“A proliferação dessa espécie pode causar desequilíbrio ecológico, afetar a pesca e trazer prejuízos ao turismo em áreas litorâneas muito frequentadas pela população”, explicou o oceanógrafo Marcelo Henrique Lopes Silva, um dos integrantes da expedição.

A viagem científica durou quatro dias e contou com apoio logístico do navio da UFMA. Os pesquisadores do Departamento de Oceanografia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) coletaram amostras de água em diversas profundidades, utilizando instrumentos como a rosette — equipamento que permite avaliar parâmetros como temperatura, salinidade e níveis de oxigênio. Os dados serão analisados em laboratório.

O coordenador da missão, professor Antônio Carlos Leal de Castro, destacou a importância estratégica do parque marinho para o monitoramento ambiental. “Estudar a dinâmica oceânica do Parcel é fundamental para pensar em ações de conservação. A região está na rota da margem equatorial brasileira e é vulnerável à introdução de espécies invasoras”, afirmou.

O Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís, localizado a cerca de 180 km da costa de São Luís, é o primeiro do tipo no Brasil e o único na costa norte do país. O local, que leva o nome do pescador Manuel Luís — o primeiro a reconhecer o banco de corais naquela área —, é de difícil acesso e só pode ser visitado entre janeiro e junho, quando os ventos são mais amenos.

Além da ameaça representada pelo peixe-leão, o parque também tem sido alvo de preocupação devido ao número de embarcações naufragadas registradas no local. Pelo menos quatro naufrágios foram catalogados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), que agora se mobiliza para acompanhar os impactos ambientais no entorno da unidade de conservação.

Em nota, a SEMA informou que está desenvolvendo um termo de referência para contratação de uma consultoria especializada, responsável pelo monitoramento de espécies exóticas no Parcel.

A descoberta será formalizada em um artigo científico e também comunicada oficialmente à SEMA, que deve tomar providências para conter o avanço do peixe-leão.

Por que o peixe-leão preocupa tanto?

Não possui predadores naturais no Brasil, o que facilita sua reprodução descontrolada;

É altamente voraz: pode devorar até 20 peixes em apenas meia hora;

Reproduz-se rapidamente, com capacidade de liberar até 30 mil ovos de uma só vez;

Alcança profundidades de até 300 metros, mas pode migrar para áreas mais rasas;

Representa risco direto à saúde humana: possui espinhos venenosos que causam dores intensas, vermelhidão e até convulsões em casos mais graves.

O que fazer em caso de avistamento ou acidente com o peixe-leão?

Evite o contato direto com o animal;

Em caso de ferimento, lave a área afetada com água quente e procure atendimento médico imediatamente;

Registre o avistamento com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo número 0800 61 8080, disponível em todo o território nacional.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.