MARANHÃO - Indígenas da Reserva Alto Turiaçu, localizada no interior do Maranhão, enfrentam há dias um cenário devastador de incêndios florestais que consomem parte da floresta amazônica onde vivem. A reserva, que abrange cerca de 530 mil hectares, é o lar das etnias Ka'apor e Awá-Guajá, sendo esta última composta por alguns dos últimos grupos nômades do Brasil.
A situação, já grave, é agravada pela seca prolongada, que se estende por três meses sem chuvas. A vegetação seca, desprovida de umidade, se torna combustível para as chamas, e até mesmo uma faísca pode desencadear um incêndio de grandes proporções, como o que assola atualmente a reserva. A probabilidade de chuva na região é quase inexistente, estimada em apenas 1%, o que força as equipes de combate a concentrar esforços no isolamento dos focos de incêndio, na tentativa de evitar que o fogo se espalhe ainda mais.
Destruição da fauna e impacto cultural
O cacique Cecin Ka'apor expressou sua tristeza diante da devastação causada pelos incêndios: “Tá morrendo jabuti, cutia, preguiça e gente não quer isso”. A destruição da fauna não só representa uma perda ecológica significativa, mas também afeta diretamente a vida e a cultura das comunidades indígenas que dependem da floresta para sua subsistência.
O combate ao incêndio é realizado em condições extremamente desafiadoras. Com a escassez de água disponível, os brigadistas indígenas precisam utilizar métodos manuais, como o uso de sopradores, abafadores e facões, para abrir aceiros e conter o avanço das chamas. O deslocamento até os focos de incêndio também é complicado, sendo feito por trilhas estreitas e perigosas, muitas vezes com o auxílio de motos, o que torna o processo lento e arriscado.
Reforço no combate às chamas
Nos últimos dias, equipes do Corpo de Bombeiros foram finalmente autorizadas a entrar na mata para auxiliar no combate ao fogo. Um helicóptero foi disponibilizado para mapear os focos de incêndio e organizar melhor as operações de combate. Até então, a situação estava sendo enfrentada por apenas 15 brigadistas indígenas das etnias Ka'apor, Awá-Guajá e Guajajara, estes últimos viajaram quase 200 quilômetros para oferecer ajuda.
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