Mês da Mulher

Mulheres ocuparam apenas 37% das vagas de emprego no Maranhão em 2023

Das 22.039 vagas geradas no Estado em 2023, elas ocuparam apenas 8.354 das oportunidades.

Fabiana Serra/Imirante.com

Atualizada em 12/03/2024 às 16h00
Mulheres ocuparam apenas 37% das vagas de emprego no Maranhão em 2023.
Mulheres ocuparam apenas 37% das vagas de emprego no Maranhão em 2023. (Foto: mwitt1337/Pixabay)

MARANHÃO - As mulheres ocuparam apenas 37,91% das vagas de emprego geradas em 2023 no Maranhão, é o que apontam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). No mesmo período, homens ocuparam 62,09% das vagas. 

Em 2023, o número total de vagas geradas no Estado foi de 22.039. Destas, 8.354 contratações foram de mulheres, enquanto homens ocuparam 13.685 das oportunidades. 

Para a supervisora de Intermediação de Geração de Emprego e Renda da Secretaria de Estado do Trabalho e da Economia Solidária (SETRES), Carla Alcântara, esses dados representam um panorama desafiador para a população feminina. 

"Esse levantamento, além de destacar a desigualdade de gênero no mercado de trabalho também contribui para a compreensão do processo histórico da negação de direitos às mulheres. Cumpre enquanto indicador, o direcionamento das políticas de trabalho, emprego e renda com foco na equidade", disse. 

O cenário de desigualdade não difere do que ocorre em todo o país. Apesar de serem a maioria da população brasileira e de terem um nível de escolaridade maior que os homens, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres enfrentam um dos maiores índices de desocupação no Brasil. 

No último trimestre de 2023, a taxa de desemprego entre as mulheres brasileiras foi de 9,2%, enquanto que a dos homens foi de 6%, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua. Ao mesmo tempo, na população com 25 anos ou mais, 19,4% das mulheres tinham nível superior completo em 2019 e somente 15,1% dos homens tinham esta formação. 

Em 2022, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho foi de 53,3%. Já a dos homens foi de 73,2%. No mesmo ano, a taxa de informalidade delas (39,6%) também era maior que a deles (37,3%).

Preconceito e informalidade

De acordo com um estudo conduzido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 31% dos brasileiros acreditam que os homens têm mais direito ao trabalho do que as mulheres ou que homens fazem melhores negócios do que as mulheres. A pesquisa revela ainda que 84,5% das pessoas têm ao menos um preconceito contra mulheres no Brasil. 

O Imirante entrevistou uma mulher sobre sua experiência com o desemprego e a dificuldade de se reposicionar no mercado de trabalho. No entanto, ela não quis se identificar, por isso optamos por usar um nome fictício. 

Formada em Serviço Social, Ana Andrade* (nome fictício) prestou serviços para uma empresa durante 25 anos. Lá, ela acumulou aprendizados em diversos setores e foi sendo promovida até chegar ao cargo de gerente, que ocupou por dez anos. No entanto, foi desligada do estabelecimento em 2017. Apesar da vasta experiência, ela passou cinco anos desempregada. 

“Durante esse período foi muito difícil encontrar qualquer tipo de atividade, eu já tinha 50 anos e geralmente quando eu ia participar de qualquer processo seletivo, apesar de ter o currículo, a experiência que as empresas estavam precisando, na hora de fazer a entrevista eu não era chamada”, disse. 

Para se sustentar, Ana buscou outro caminho, mas só conseguiu trabalhar de maneira informal. “Comecei a atuar em outro ramo e fiquei praticamente dois anos, mas de forma informal, trabalhando, mas não tinha carteira assinada.”  

Atualmente, a assistente social conseguiu se reposicionar no mercado de trabalho. “Com esses conhecimentos que adquiri consegui me encaixar em uma vaga nesse novo campo e consegui passar no processo seletivo para trabalhar nesse ramo, vou fazer oito meses que eu estou trabalhando em uma nova empresa que me deu essa oportunidade.”

Soluções

Carla Alcântara destaca que o caminho para aumentar a presença feminina no mercado de trabalho é a reeducação. "Sem ela, não conseguiremos avançar na compreensão coletiva sobre a importância de desconstruir a cultura machista e patriarcal em todas as camadas sociais. Isso, porque é preciso uniformizar a ideia de que nós mulheres estamos aptas para tomarmos posição de destaque. Em todos os espaços, inclusive no mercado de trabalho."

Para Alcântara, é necessário que existam mais ações afirmativas voltadas para as mulheres. "⁠Acredito na educação social como vetor de toda essa busca. Além disso, é necessário que as instituições se comprometam de forma mais eficiente com as ações afirmativas de gênero provocadas pela realidade vivida no dia a dia das mulheres", completou Carla.

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