SÃO LUÍS - A posição do Fundo Russo que atribuiu a fatores políticos a recusa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em autorizar a importação da vacina Sputnik V para o Brasil abriu novamente a agenda de discussão acerca da interferência ideológica no impasse. Enquanto uma corrente defende a tese de que a entidade se escora em argumentos técnicos que superam quaisquer origens do imunizante em um país cujos laços comunistas são ainda lembrados, outro grupo aponta corriqueiramente questionamentos que colocam em xeque a agência nacional brasileira.
Apesar da defesa contundente do Fundo Russo atribuindo à política a recusa da Anvisa, o fato de que a entidade brasileira se respaldou em claros motivos científicos para manter a sua (é bom que fique claro!) provisória posição de impedir neste momento o uso da Sputnik V baixou a temperatura do debate – pelo menos nas horas seguintes - que tentou ser insuflado pela representação internacional.
Essa tentativa de não puxar o debate por esta linha ficou clara na posição, por exemplo, adotada até esta quarta-feira, dia 28 de abril, pelo governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Ao jornalista Alex Barbosa, da TV Mirante, Dino – questionado se o motivo da recusa pela Anvisa foi pautada em fatores políticos nitidamente se esquivou e usou, quando pôde, respostas com base em entendimentos técnicos.
Dino citou três pilares que, neste momento, segundo ele, devem ser considerados: segurança, eficácia e qualidade da vacina. No entanto, apesar da primeira impressão ter sido de recusa do debate ideológico, posteriormente nas redes sociais, o governador deu sinais de que – se o impasse se mantiver por mais tempo – a discussão (já acalorada) entre governadores, Rússia e Anvisa pode ficar mais quente.
Ao criticar mais uma vez o presidente da República, Jair Bolsonaro, Dino elogiou o colega João Dória e disse que, se não fosse pelo governador tucano – com relações boas e diplomáticas com a China – o país não teria vacina. Na essência, Dino está correto no elogio, não resta dúvidas. Porém, citar a China é uma pista clara de que a paciência do governador maranhense está perto do fim e a liberação da Sputnik V, mais do que uma questão de salvar vidas, virou também uma questão de honra e, por óbvio, um assunto político. E talvez ideológico no futuro.
Por enquanto, o governador maranhense e os demais do Nordeste seguem o bom trato e ainda não elevam, ao contrário do Fundo Russo, o tom de críticas à Anvisa. Porém, esse “acordo de paz”, pode ser rompido a qualquer momento. Tudo depende das próximas horas da posição da Anvisa sobre as informações repassadas pela Rússia.
O assunto parece não ter fim...
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