Mercado de consumo

Franquias apostam em novos públicos e segmentos

Setor cresceu 12% em 2013 e criou mais de 88 mil postos de trabalho.

Maurício Araya / Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h51

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SÃO LUÍS – Um mercado promissor, que cresceu, em 2013, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), 12% e criou mais de 88 mil postos de trabalho em todo o país: o setor de franquias, para este ano, tem como meta manter a média de crescimento em 10% neste ano. Em todo o Brasil, são mais de 2,5 redes de franquias, com marcas que custam entre R$ 15 mil e mais de R$ 1,5 milhão. Mesmo as grandes redes são formadas por micro e pequenos empreendedores que, justos, mostram sua força: são nove milhões de micro e pequenas empresas, que representam 27% do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país –, com faturamentos que somam quase R$ 600 bilhões por ano, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Para se lançar no mercado, o micro e pequeno empreendedor interessado em associar-se a uma franquia deve ter alguns cuidados. O analista do Sebrae no Maranhão, Walter Monteiro, lista algumas vantagens do modelo de negócios. "As vantagens do franchising são: primeiro, você se associa ao direito de uma marca já testada e aprovada, e marca, hoje em dia, é tudo – isso facilita que você seja percebido no mercado; a segunda vantagem que a gente vê no sistema de franchising é que são empresas já testadas, aprimoradas em seus processos – ao você adquirir o direito de tocar sua empresa, seu CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) com uma franquia, você recebe todo um pacote de montagem da loja, de procura de ponto, de como é que tem que ser a seleção dos seus funcionários, o treinamento dos seus funcionários, rede de fornecedores de equipamentos e móveis, e, também, a gestão do seu negócio, o direito de ter uma unidade dentro da franqueadora que procura o desenvolvimento de novos produtos, de nossos serviços; a terceira vantagem que eu vejo no franchising é a competitividade com as franquias entram nos lugares em que elas se instalam – você entra em uma rede, tem um poder de compra, poder de fazer marketing, que você só consegue trabalhando em rede", afirmou ao Imirante.comouça trechos da entrevista.

Por outro lado, diz o analista, há algumas desvantagens. "Primeiro, o investimento inicial – quando você vai montar um negócio independente, normalmente, o seu custo de montagem é um pouco menor, já os custos de você trabalhar com uma franquia são mais caros, tanto para iniciar a operação quanto para tocar ela; a segunda desvantagem que a gente percebe no franchising é que o lucro não é só seu – num negócio independente, a gente fatura, paga os fornecedores, depois paga os impostos, paga as despesas e o lucro seu, e no franchising não, você tem os royalties, onde o franqueador tem o direito de cobrar, de receber uma remuneração pelo sucesso do seu negócio; e a terceira, que as pessoas têm um pouco de dificuldade de entender e que é bastante delicada, é que você não é dono daquela marca naquele território, naquela região – na verdade, você faz um contrato com aquela franqueadora, para utilizar, para se associar por um determinado tempo, por uma determinada região, e quem detém a propriedade daquela marca é a franqueadora", explica.

 Custos iniciais podem variar entre R$ 3 mil e mais de R$ 1 milhão. De Jesus / O Estado (arquivo).
Custos iniciais podem variar entre R$ 3 mil e mais de R$ 1 milhão. De Jesus / O Estado (arquivo).

Para o empreendedor inovador, esclarece Monteiro, até há espaço, mas ele deve saber trabalhar em conjunto e compreender que, em uma rede padronizada, outros franqueados devem aceitar essa inovação. Em franquias maiores, há um espaço destinado a isso: os conselhos de franqueados. "O que ele não pode fazer é tomar decisões que descaracterizem, que mudem o perfil da rede sem ter anuência, sem ter autorização da rede e da franqueadora", alerta.

Novos horizontes

O aquecimento do mercado de micro e pequenas empresas e de franquias foi beneficiado pela inclusão social e econômica das classes mais baixas e, consequentemente, do crescimento do mercado de consumo. Com isso, as franquias estão ampliando seu raio de atuação, saindo dos shoppings, galerias e tradicionais corredores e centros comerciais. No Maranhão, por exemplo, é crescente a demanda em cidades com até 15 mil habitantes. Nas grandes cidades, o movimento de migração observado é desses corredores comerciais para os bairros.

Mas não é errado associar, de imediato, a franquia aos shoppings: eles têm preferência pelo modelo de negócio, e o desenvolvimento econômico do país tem propiciado o maior aparecimento deles. No Estado, dois grandes shoppings foram inaugurados nos últimos três anos, e outros quatro estão por serem inaugurados nos próximos anos. A área locável nesses centros comerciais, praticamente, quintuplicou.

Custos

Dependendo do modelo e segmento da franquia, os custos iniciais podem estar entre R$ 3 mil, R$ 5 mil, R$ 10 mil, R$ 12 mil, R$ 50 mil ou até mais de R$ 1 milhão. Mesmo, em alguns casos, sendo considerado caro iniciar uma franquia, o recomendado é não é iniciar o negócio pensando no custo das taxas e a disponibilidade de recursos, já que há modelos que favorecem o empreendedor, dependendo do setor – seja ele de alimentação, comércio, serviços, entretenimento, etc. Mas é importante lembrar que os custos vão além da tradicional taxa de franquia. "Normalmente, quando você vai se associar a um clube, para participar daquele clube você paga uma taxa de entrada para poder usar, aí, depois, você paga as mensalidades por mês. A taxa de franquia é isso: você paga uma taxa para se associar. Normalmente, as franqueadoras usam essa taxa para montar sua equipe de expansão, que procura novas praças, procura novos pontos comerciais, procura novos empreendedores interessados na rede. Mas não é só essa taxa de franquia que faz com que o custo de montar uma franquia cresça. Tem toda uma série de custos", exemplifica o analista do Sebrae-MA.

Os valores auxiliam as franqueadoras a manter alguns componentes do modelo, como departamentos de criação de produtos e de desenvolvimento de marcas, propagandas institucionais, entre outros.

Dificuldades

Ao entrar no mercado, o micro e pequeno empreendedor deve estar pronto para o desafio de enfrentar obstáculos nos primeiros anos do negócio. Um dado divulgado no início de agosto pela consultoria financeira Serasa Experian ilustra essa dificuldade: em julho, do total de 141 pedidos de falência realizados em todo o país, a maioria (64) foi de micro e pequenas empresas.

Walter Monteiro atribui os dados ao pequeno portfólio político e institucional para auxiliar os micro e pequenos empresários. "Em um país em que a gente tem 98% das empresas micro e pequenas empresas, é matemático que seja dessa forma. Sem falar que, se você é um pequeno empresário, as dificuldades de toda a espécie são maiores e mais difíceis de serem enfrentados", diz.

Por outro lado, o mercado de franquias possui uma taxa de 98% de sucesso após os cinco anos de funcionamento. Ou seja, para lograr o sucesso, é necessário planejamento e persistência. "O empreendedor monta o negócio e, por trás daquela nova unidade que ele abriu, há uma série de estudos de mercado, de desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de marca, de rede de assistência, pacote de gestão – ou seja, quando ele abre uma unidade franqueada, ele tem um monte de pessoas interessadas em que aquele negócio que ele vai abrir dê certo", conclui Monteiro.

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