Comportamento

Jovens explicam por que gostam de sempre mudar o visual

As mudanças são vistas por especialistas como forma de identificação com grupos.

Maurício Araya/Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 12h24

SÃO LUÍS – Salões de beleza lotados. Procura constante por um espaço na agenda dos centros de estética. As facilidades do mundo moderno fizeram crescer, mais recentemente, o movimento na indústria da beleza, seja para um simples corte ou para uma mudança nas cores dos cabelos, ou um tratamento cosmético mais complexo, e até cirurgias. Tudo em busca de satisfação com o corpo e com o visual. Uma indústria que se desenvolve, acompanha as necessidades do público e sempre se atualiza para conquistar mais clientes.

Em São Luís, surgem novos centros especializados na área. E a busca por esses espaços não é uma exclusividade das mulheres. Clínicas ou salões de beleza voltados para o público masculino, que oferecem os mais diversos tratamentos estéticos para o segmento, têm surgido a cada dia. Tudo para atender a uma demanda que só aumenta, e desde cedo.

A psicóloga e especialista em Psicopedagogia, Juliana Cardoso Vidal de Figueirêdo, que atende em consultório particular, diz que a vontade de mudar o visual surge a partir da juventude. "A adolescência é uma fase de transição e de descobertas, onde ocorrem muitas mudanças, físicas e psicológicas. Com a entrada na puberdade ocorrem as transformações corporais, causando estranheza, dificuldade em aceitá-las, comparações com os outros da mesma idade. É uma época em que o adolescente coloca em conflito os seus valores, aprendidos com a família de origem, questionando-os, e comparando com o do colega, se permitindo influenciar, o que em geral causa bastante angústia e cria muitos conflitos, tanto consigo mesmo, quanto com os que estão ao seu redor. Vai, então, buscar novos grupos, novas identificações", afirma.

Ainda de acordo com a psicóloga, as mudanças são vistas como um fenômeno normal. "As mudanças no visual são perfeitamente normais, é a busca do se ‘encaixar’, de perceber o que fica melhor com esse novo corpo, com as novas ideias, com o grupo ao qual se identifica e quer fazer parte, e, muitas vezes, muda mesmo para ser aceito, seja pelo grupo que tem identificação, seja pelo menino ou pela menina que está interessado ou interessada", diz.

"Mudar é bom"

Bárbara Hellen, de 20 anos, é estudante de Jornalismo e mantém um blog em que fala sobre moda. "Mudar o visual é, para mim, uma maneira de sair da rotina e, também, de dar uma levantada na autoestima. Acho que mudar é bom, te dá um ar novo. Eu adoro", afirmou em entrevista ao Imirante.

Dados sobre o tempo ajudam no dia a dia da população. Foto: Arquivo pessoal.

Bárbara – que aposta sempre em um novo corte de cabelo e se inspirou na apresentadora de TV, Alexa Chung, para promover a mais recente mudança – afirma que se inspira em celebridades antes de decidir por um novo look. "Inspiro-me em atrizes que tenham as mesmas características que eu. Assim, evito erros. Por exemplo, sempre que vou mudar o cabelo, escolho uma atriz que tenha o rosto oval igual ao meu, ou que, também, tenha o cabelo preto e com a textura do meu. Assim, a gente não erra". Em seu blog, ela recebe, ainda, várias dicas de suas leitoras. "Acho que eu influencio elas e elas me influenciam também. É legal ver que elas estão testando os produtos que eu indico e receber comentários", conclui.

A, também, estudante de Jornalismo, Jéssica Melo (foto), de 21 anos, também, gosta de mudar de visual com frequência. Mais recentemente, por exigência da profissão que escolheu seguir, teve que renunciar à sua marca: a "franjinha", que adotou desde a infância. "Na verdade, o que eu escolhi para a minha vida, que é o Jornalismo, fez algumas exigências. A franja dava uma carinha mais teen, aí não daria credibilidade à notícia", diz. A mudança radical fez com que os amigos de Jéssica não a reconhecessem na faculdade.

"Mulher gosta de estar mudando sempre. Faz bem para o ego da mulher, ser percebida pelos outros. Eu gosto de estar sempre mudando. É sempre bom estar mudando, a tonalidade do cabelo, o corte, etc.", explica. A estudante afirma que tem medo de ousar um pouco mais no visual e adota um estilo mais clássico.

Há quem não tenha o hábito ou simplesmente rechaça as tendências impostas pelas indústrias e prefere seguir sua própria moda. Marcela Albarelli (foto), de 21 anos, é formada em Marketing. Ela, que, também, é modelo, possui um estilo alternativo, como ela mesma define.

Marcela afirma que não costuma seguir tendências quando se trata de se vestir. "Gosto de alguns estilos, mas não uso outros. Alterno entre os que eu gosto dependendo do humor. Se, por acaso, alguma coisa da tendência me agrada, eu uso, mas misturando com meu estilo", afirma.

Cuidados

As mudanças no visual, e, consequentemente, os métodos usados para se acompanhar os padrões da sociedade ou da indústria da moda requerem alguns cuidados e mais atenção dos pais de adolescentes. A psicóloga Juliana Vidal afirma que deve haver alguns limites a serem reconhecidos. "Sabe-se que existe um padrão corporal ditado pela sociedade, e só é belo quem nele se encaixe, o que faz com que haja uma busca crescente em estar de acordo com aquilo que aos olhos dos outros é aceito, e considerado bonito, fazendo com esteja cada vez maior o número de adolescentes com distúrbios alimentares, com anorexia e bulimia, por essa busca descontrolada de seguir o que é ditado pela moda, para ser aceito. A existência de conflitos na adolescência é perfeitamente normal, por ser uma época mesmo de muitas mudanças e transformações. Torna-se preocupante quando há exagero, o culto e a busca desenfreada pelo corpo perfeito, quando fazem de tudo para ser aceito em determinado grupo, como mentir ou se submeter a humilhações. É muito importante que os pais estejam sempre presente na vida de seus filhos, conversando, orientando, demonstrando que se importa", complementa.

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