SÃO LUÍS - Com a entrada em operação da draga modelo dipper, de fabricação holandesa, uma das maiores do mundo, o Porto do Itaqui retomará uma de suas principais características e fator de competitividade em relação a outros portos no país: receber navios de grande porte, com capacidade acima de 75 mil toneladas. Com a dragagem, os berços 101 e 102 voltarão a ter a capacidade de operação original, que foi diminuída em 25% nos últimos anos. O equipamento chegou a São Luís, nesta sexta-feira (12).
O consórcio Camargo Correia/Serveng é o responsável pela dragagem de aprofundamento do canal de navegação das bacias de atracação dos berços 100 ao 103, além da dragagem e construção do aterro da retroárea dos berços 100 e 101. Denominada “No Woman No Cry”, A draga tem caçamba de escavação de 18m³, potência instalada para escavação de 2.735 HP, penetração de até 120 toneladas, casco medindo 65m de comprimento, 19m de largura e 4m de altura. Por todas estas características é considerado um equipamento de grande porte, sendo um dos maiores do mundo na sua categoria.
A draga chegou ao porto maranhense com a ajuda de um rebocador de 37m de comprimento, 10,40m de largura, com propulsão de 4100HP e dois batelões (balsas) com capacidade de cisterna de 3000m³, 73m de comprimento, cada um deles, afretados de empresa norte-americana. O trabalho de dragagem foi iniciado em agosto do ano passado por uma draga do tipo Hopper, auto-transportável, ao contrário da que acaba de chegar, com capacidade de 1.000 m³.
A dragagem do Porto do Itaqui, orçada em aproximadamente R$ 49 milhões, está contemplada no montante de R$ 165 milhões oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Além da recuperação dos berços 101 e 102, esses recursos estão sendo utilizados na construção do berço 100, que entrará em operação no final de 2011 e que servirá de expansão para o Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram).
Irreversível
A construção do Tegram é uma realidade. Desde o início das atividades da atual administração, o projeto Tegram despontou como uma das prioridades da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap). Após o cancelamento do processo licitatório pela administração anterior, cresceram as expectativas de sua implantação pelas partes interessadas. A Emap prontamente analisou os principais vetores e resolveu trabalhar na sua concepção e engenharia de forma que atendesse às demandas potenciais anunciadas para o agronegócio, sem perder de vista o senso de urgência.
A Emap também buscou recursos de engenharia para o seu desenvolvimento e contatou as partes interessadas para efetuar diversas apresentações. Entre maio e outubro de 2009, em conjunto com a Secretaria Especial e Portos (SEP), Antaq, Casa Civil e Ministério da Agricultura, estreitou o modelo que serviria de base para dar início ao projeto de engenharia, cujo marco zero seria a partir de novembro de 2009.
Desde essa data que o cronograma da obra vem sendo cumprido fielmente. Até abril de 2010, serão concluídos os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, além do projeto básico de engenharia. A obra, orçada em R$ 300 milhões, mudará a dinâmica do escoamento de grãos no país não apenas por atender de forma previsível uma elevação de demanda até os 15 milhões de toneladas o embarque de grãos pelo Porto do Itaqui, no Maranhão, mas também por garantir melhor preço e competitividade ao produtor brasileiro.
“A Emap retomou o projeto do Tegram de forma irreversível. Temos em mãos a missão de concretização de uma obra estruturante que visa atender a demanda dos produtores, traders, do Governo e da iniciativa privada com expectativa de crescimento em longo prazo”, enfatizou o engenheiro Daniel Vinent, diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Novos Negócios da Emap. Ele acrescentou que estão sendo conduzidos esforços conjuntos envolvendo a SEP, Antaq e TCU, na tentativa de antecipar o início das obras de infraestrutura de movimentação de cargas.
A fase atual de modelagem e projeto será seguida de audiência pública; da aprovação na Antaq e Tribunal de Contas da União (TCU); do processo de licitação (set/2010), que definirá quem construirá e explorará os módulos operacionais e de um gerenciamento ambiental que cobrirá todo o desenvolvimento e implantação. O início das obras está previsto para fevereiro de 2011 e da operação para janeiro de 2012. O Tegram irá operar, inicialmente, no berço 103. Já está em construção, com recursos do PAC e contrapartida do Governo do Estado, o berço 100, que irá ampliar a capacidade do terminal.
Na fase 1, o Tegram terá armazéns com capacidade estática de 125 mil toneladas cada, infraestrutura para recepção de grãos nos modais rodoviário e ferroviário, correia transportadora central compartilhada e capacidade de expansão para até 15 milhões de toneladas. Atualmente, são embarcados pelo porto do Maranhão 2 milhões de toneladas de soja no berço 105, operado pela Vale.
O Tegram é hoje uma das principais obras em andamento no país e interessa especialmente aos produtores do Centro-Oeste e do Norte do Brasil. “Sabíamos desde o início que tínhamos um trabalho árduo pela frente e estamos todos empenhados em concretizá-lo. A Emap tem o Tegram como uma de suas prioridades”, frisou Vinent.
Mais
Em 2008, o faturamento operacional do Porto do Itaqui - incluindo arrendamento de áreas e berço 105, operações e armazenagem - foi de R$ 77,7 milhões. Em 2009, houve um acréscimo de 10%, chegando a R$ 85,5 milhões. O lucro líquido de 2009 foi de R$ 17,9 milhões. A movimentação de cargas no Complexo Portuário de São Luís, integrado pelo Porto do Itaqui, Porto da Alumar e Terminal Portuário de Ponta da Madeira (Vale) superou a marca de 105 milhões de toneladas, especialmente de minério de ferro, bauxita e derivados de petróleo.
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