AMARANTE - A direção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) se reuniu com os líderes dos índios guajajaras da aldeia Barreiro, situada no município de Amarante do Maranhão, anteontem para solucionar problemas no sistema de saúde. Os índios realizaram uma manifestação na última terça-feira.
Os guajajaras reiteraram o pedido por mais medicamentos e o desligamento do atendimento médico da aldeia de Amarante para Bom Jesus das Selvas.
O coordenador Regional da Funasa no Maranhão, Jair Vieira Tannus, afirmou que o grupo de indígenas voltou para a aldeia já com os medicamentos solicitados, mas que o pedido de deslocamento deve ser repensado.
“O motivo que os levam a solicitar a mudança, na maioria das vezes, são disputas entre aldeias e dentro delas. A orientação da Funasa é tentar solucionar o conflito, pois o deslocamento gera despesa para o órgão e causa fragmentação entre as aldeias”, explicou o coordenador.
Jair Tannus enfatizou que o deslocamento gera despesa com mais veículos, alimentação e outras ações administrativas com a criação de um novo subpólo. Ele destacou também que, na manifestação, o veículo da Funasa foi retido e a equipe teve que se deslocar a pé por 13 quilômetros até a sede de Amarante. “Os índios retêm os carros. Já contamos cinco veículos em algumas aldeias”, enumerou o coordenador da Funasa.
Serviços – Jair Tannus apresentou dados dos serviços já realizados na região de Amarante e informou que cinco carros são disponibilizados mensalmente. Chega a R$ 10 mil os gastos com combustíveis para o transporte de urgência, como, por exemplo, levar o índio para o hospital.
Além disso, 50 refeições diárias são fornecidas para os índios que se deslocam até a sede do município para tratamento. Para a farmácia básica já estão disponíveis 57 itens de medicamento e já foi dada entrada em processo licitatório para aquisição de mais medicamentos regulares.
A Funasa também está realizando melhorias no sistema sanitário das aldeias Canudal e Riachinho; está implantando sistema de abastecimento de água nas Portugal e Serrinha e está ampliando a de Formosa e Lagoa Comprida.
Com relação à morte de uma criança, Jair Tannus esclareceu que a assistência médica foi prestada e a vítima faleceu a caminho do hospital. A criança já estava sendo tratada no hospital de Amarante, mas a família decidiu retirá-la da unidade de saúde em função de suas crenças. Eles assinaram um termo de responsabilidade e levaram ao pajé da aldeia.
Segundo o coordenador da Funasa, quando o estado de saúde da criança piorou foi novamente levada ao hospital, mas não resistiu e acabou morrendo de pneumonia e desidratação. “É difícil lidar com o que pensa os índios a respeito de saúde. O problema é tão grave que o médico da cidade já nos solicitou uma reunião para denunciar que os índios levados ao hospital fogem para as aldeias para serem tratados pelos seus pajés. Somente neste mês já foram cinco casos registrados”, reclamou Jair Tannus.
A aldeia Barreiro tem aproximadamente 240 índios e Amarante do Maranhão tem 5.132 indígenas das etnias Guajajara e Gavião.
Reivindicações - Os guajajaras reivindicam da Funasa atendimento médico de qualidade. O cacique Antenor Guajajara assegura que o atendimento é precário e que eles necessitam de um veículo para o transporte dos índios doentes para hospitais de cidades maiores. Para chamar a atenção da Funasa, os guajajaras fizeram a manifestação e retiveram o veículo.
O chefe do pólo indígena Canudal, Belair Firmino, disse que os índios estão se sentindo discriminados. O índio Agnaldo Guajajara disse que a apreensão do veículo se deu em função da comunidade não estar mais agüentando a situação de abandono.
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