Polícia

Investigação do Caso Bertim pode sofrer reviravolta

O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h05

SÃO LUÍS - Pode ter uma reviravolta o caso do assassinato do prefeito de Presidente Vargas, Raimundo Bartolomeu Aguiar, o Bertim. O crime aconteceu por volta das 23h do dia 6 de março de 2007, entre os povoados Cigana e Leite, em Itapecuru-Mirim.

A mudança no rumo das investigações se deve à prisão, pela Polícia Civil, de três pessoas apontadas como tendo participação ativa no crime. Na tarde de sábado, no programa Rádio Patrulha, da rádio Mirante AM, foi veiculado o depoimento de um homem identificado como Antônio de Jesus Sousa Gomes (Louro), que narra detalhes de como foi elaborada a trama.

Bertim foi vitimado a tiros e facadas, em uma tocaia, quando conduzia uma caminhonete S-10, cor prata. O carro do prefeito, que viajava em companhia do secretário de Esportes do município, Pedro Pereira de Albuquerque, 51 anos, conhecido como Pedro Pote, foi abordado por um Gol branco, com quatro ocupantes. Na ocasião, Pedro Pote foi atingido a tiros e arrastado para um matagal, onde se fingiu de morto.

Conforme Louro, o prefeito foi morto na terceira tentativa feita pelo grupo. Ainda conforme o preso, participaram da execução as pessoas identificadas como Paulo Sérgio dos Santos, cabo da Polícia Militar; Sílvio Pinheiro, ex-policial militar; uma pessoa conhecida como Carlos Eduardo e um homem identificado como Raimundo, dono da então Churrascaria Africanos, localizada na Avenida dos Africanos, onde foram realizadas reuniões para planejar a morte do ex-prefeito.

Participaram, ainda, Flávio dos Santos Pereira, além do próprio Louro, que está preso com o cabo Paulo Sérgio e o ex-policial militar Sílvio Pinheiro.

Custo

Conforme o depoimento, a morte de Bertim teria custado R$ 50 mil, valor a ser dividido entre cinco pessoas. O homem identificado como Raimundo, que está foragido, foi quem "encomendou" o assassinato do prefeito, e a causa imediata seria uma dívida de Bertim com Raimundo.

Das pessoas envolvidas no crime, duas já morreram. Carlos Eduardo e Flávio dos Santos Pereira foram executados e desovados, respectivamente, nas praias de Panaquatira e Boa Viagem. Uma terceira pessoa, André Inácio dos Santos Pereira, primo de Flávio Pereira, que não teria participado do crime, mas teria conhecimento da trama e prestou depoimento no dia 10 de outubro deste ano, morreu atropelado algum tempo depois.

Ainda conforme o depoimento de Louro, no dia do crime ele dirigia o Gol branco, com o cabo Paulo Sérgio. O ex-policial Sílvio Pinheiro, Flávio dos Santos Pereira e Carlos Eduardo seguiram o carro do então prefeito Raimundo Bartolomeu Aguiar desde o retorno do Tirirical até Entroncamento, que dá acesso a Itapecuru-Mirim.

O prefeito estacionou o carro e desceu para fazer um lanche com Pedro Pote, tendo o quarteto ficado à espera. Quando o prefeito seguiu viagem, foi novamente seguido. Em determinado ponto, no povoado Leite, o quarteto acionou os faróis e pediu ultrapassagem. Com os carros já emparelhados, o cabo Paulo Sérgio dos Santos começou a disparar, tendo o carro do prefeito perdido o controle.

O grupo desceu do carro e atirou novamente no prefeito, ferindo também o secretário. Segundo o depoimento de Louro, o cabo Paulo Sérgio foi quem deu o tiro que matou Bertim. O policial teria dito "fizemos os dois", referindo-se ao assassinato das vítimas. Após o crime, o gol usado na execução foi deixado na Churrascaria Africanos.

Indiciados

À época do crime, foram denunciados, pelo Ministério Público, por meio do promotor Benedito Coroba, como envolvidos no assassinato, os policiais militares José Evangelista Duarte Santos, Raimundo Nonato Gomes Salgado e Benedito Manoel Martins Serrão.

Pedro Pote, que sobreviveu, reconheceu os militares José Evangelista e Manoel Serrão como executores. O jornalista Sebastião Figueiredo, que já foi prefeito de Presidente Vargas, chegou a ser apontado como mandante, bem como empresários e vereadores da cidade de Presidente Vargas.

A equipe de O Estado tentou contato com a Secretaria de Segurança Pública e com o secretário Raimundo Cutrim, mas não conseguiu êxito. Já o delegado-geral de Polícia Civil, Normdan Ribeiro, confirmou as prisões e o depoimento de Louro, mas não quis adiantar detalhes. "Vamos avaliar a situação. Possivelmente, o caso terá novos desdobramentos", sintetizou o delegado.

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