BRASÍLIA - O Brasil corre o risco de perder uma excelente oportunidade de se tornar um grande centro lançador de satélites, caso se confirme a redução para apenas 8713 hectares da área destinada ao Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, com o objetivo de garantir maior extensão de terras a remanescentes de quilombolas. O alerta foi feito nesta quarta-feira (1º) pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
Durante a audiência, o ministro lembrou que a Base de Alcântara possui a melhor localização do planeta, por causa de sua proximidade com a linha do Equador - o que torna mais baratos os lançamentos de satélites. A área destinada ao centro em 1983 foi de 62 mil hectares. A partir de um relatório antropológico a respeito dos quilombolas residentes na região, observou, o espaço foi reduzido para 8713 hectares.
O Ministério da Defesa, segundo informou o ministro, está propondo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a incorporação de outros 11.287 hectares ao centro de lançamento, deixando 66.713 hectares para 1800 quilombolas. Com isso, poderiam ser instaladas no centro até 15 bases de lançamento - em lugar das três a serem erguidas caso a área permaneça restrita aos atuais 8713 hectares.
- Não podemos perder a oportunidade de expansão, pois estaríamos jogando pela janela o melhor ponto do mundo para lançamento de foguetes - advertiu Jobim.
O risco de redução das atividades da base de Alcântara foi um dos temas que levaram os senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) a apresentarem requerimento de realização da audiência pública. Os dois últimos são provenientes de Roraima, onde recentemente foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal uma grande reserva indígena próxima à fronteira, os dois manifestaram preocupação de que a base tenha de deixar o local, como produtores de arroz foram levados a sair da reserva indígena.
- Sem perder de vista os direitos dos quilombolas, o projeto de nação está acima das etnias - afirmou Mozarildo.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) citou reportagem recentemente publicada pela revista Rolling Stone, a respeito da região de Alcântara, ao defender a busca de uma solução negociada com os quilombolas, que teriam deixado de confiar no governo em virtude do não cumprimento de promessas feitas a eles no início do processo de implantação da base. O ministro concordou com a necessidade de se buscar uma solução negociada. Ele disse que não pretendia debater o tema sob o ponto de vista ideológico, mas admitiu a possibilidade de o centro de lançamentos atingir interesses internacionais.
- É evidente que a alguém não interessa que o Brasil seja a maior base mundial de lançamentos de foguetes. Não vamos ser ingênuos - disse Jobim.
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