PEDREIRAS - Depois de quase dois meses de cheia do rio Mearim, metade do município de Trizidela do Vale e vários bairros de Pedreiras ainda permanecem embaixo d'água. Em alguns pontos, o nível do rio já começa a baixar e, aos poucos, as duas cidades voltam a se tornar habitáveis. A água vai recuando e as ruas, casas, comércios e escolas reaparecendo. Porém, nos lugares antes alagados, agora há um rastro de lama, lixo, doenças e destruição. Nas duas cidades, 13.920 pessoas atingidas permanecem morando em abrigos e casas de parentes. Há 40 dias, os municípios estão sem água encanada.
Segundo a secretária de Assistência Social de Pedreiras, Ana Kátia Jovino das Chagas, dois habitantes de Pedreiras contraíram leptospirose durante as inundações e encontram-se internados em um hospital de São Luís.
Precisamente 11.920 dos 18.300 habitantes de Trizidela do Vale, de cordo com a Defesa Civil do município, e 2.000 dos 37 mil moradores de Pedreiras, segundo a Secretaria de Assistência Social local, foram atingidos pela enchente.
Até ontem, o nível de água do Mearim havia baixado 2,5 metros, segundo o coordenador de Defesa Civil de Trizidela do Vale, Otone de Souza. O rio já atingiu 9,5 metros acima do seu nível normal.
No centro de Trizidela do Vale, cidade mais atingida, o cenário visto é desolador. A lama negra vinda do rio, misturada com resquícios de banheiros e fossas, está espalhada por vias, praças, casas, avenidas, colégios, igrejas, correios e bancos.
O cheiro de esgoto é quase insuportável. Livros e utensílios domésticos são vistos pelas ruas, compondo o lixo. A população trabalha diariamente removendo a imundície que se encontra em todos os cantos. Em todo local é possível ver pessoas utilizando pás para limpar a cidade.
Em todas as casas, há móveis, janelas e portas destruídos. Muitas geladeiras, televisões, guarda-roupas e colchões foram perdidos. De acordo com Otone de Souza, menos de 100 famílias já puderam retornar para seus lares. A água baixou, e muitas pessoas trabalham na retirada da sujeira de dentro desuas residências.
O marceneiro José Ribamar Barbosa, 64 anos, trabalha há três dias limpando a sua casa, mas o serviço ainda está longe de ser concluído. Ele iniciou a limpeza quando a água ainda não havia baixado totalmente para facilitar a retirada da lama, que endurece depois de seca. Alguns móveis estão amontoados na sala e outros pendurados no teto. A maioria foi perdida. O guarda-roupas está sem portas e a máquina de serrar madeira, utilizada em seu trabalho, cheia de lama. A geladeira e a televisão queimaram. “Vou ficar no abrigo até terça-feira”, contou o morador do bairro Floresta.
Caminhões cedidos pela Prefeitura e carroças ajudam nas mudanças. Os veículos trafegam lotados de móveis. “Eu paguei logo uma carroça para não ter que enfrentar a fila para conseguir caminhão”, disse a dona-de-casa Ludmila Lopes Silva, que estava voltando para casa, localizada na 3ª Travessa São Joaquim, em Trizidela do Vale, ontem, após passar 45 dias em um abrigo.
Muitas pessoas permanecem em casas de parentes. Um exemplo é Paula Fernanda Ferreira, 18 anos. Após sua casa, localizada na rua São Joaquim, no centro de Trizidela do Vale, ser inundada, ela e o filho de 1 ano e quatro meses mudaram-se para a casa de uma prima, na rua do Tamarindo, no mesmo bairro. A casa da prima também alagou cerca de 20 centímetros durante a cheia, mas as famílias continuaram unidas. “A gente foi empilhando tudo até o teto”, explicou Ludmila.
Pedreiras
Dezenove povoados de Pedreiras continuam ilhados. Na cidade, ainda há 53 abrigos. Até agora, ocorreram duas mortes em decorrência do alagamento no município. Uma pessoa morreu afogada e outra letrocutada.
A secretária de Assistência Social de Pedreiras, Ana Kátia Jovino das Chagas, informou que as famílias ainda não devem retornar para as suas casas devido ao risco de doenças.
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