Chuva

Prefeitura de Trizidela do Vale quer mudar a cidade de lugar

Wilson Lima/O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 13h17

TRIZIDELA DO VALE - O prefeito de Trizidela do Vale, James de Sousa Freitas (PDT), afirmou ontem que o município pode simplesmente mudar de lugar. A medida, no mínimo curiosa, teria o objetivo de minimizar os prejuízos que a cidade vem tendo anualmente em decorrência dos alagamentos em grande proporção.

Pelos dados da Prefeitura, 85% do município, distante 226 km de São Luís, ainda estão alagados. Somente em Trizidela são 8.153 desabrigados/desalojados, 14.977 afetados e quatro mortos. Em todo o Maranhão, já foram contabilizados 91.585 desabrigados/desalojados e 236.065 afetados. Nove mortes em todo o Maranhão foram confirmadas.

Caso a iniciativa seja adotada, cerca de 20% da cidade e todo o centro administrativo seriam reconstruídos em outra área, pelo menos 2 km afastada da margem do rio Mearim. Essa medida afetaria diretamente o centro comercial de Trizidela do Vale, erguido às margens do Mearim, e bairros importantes como São Joaquim (onde fica o cemitério e a igreja católica da cidade), Sanganhão, Tapiaca e a Nova Rua.

Conforme a Prefeitura, pelo menos mil famílias precisariam ser realocadas para outras regiões sem risco de inundações. “Os custos para se reconstruir uma cidade como Trizidela do Vale são muitos, mas essa proposta não tem aspecto apenas financeiro. Queremos também resguardar a vida das pessoas atingidas pelas chuvas”, explicou James Freitas, que emendou: “Sei que muitas famílias, mesmo com casas construídas em outra área, podem querer voltar a residir próximo das margens do rio. Porém, seremos vigilantes para impedir que isso aconteça”.

Segundo dados da Prefeitura, somente as chuvas deste ano resultaram em um prejuízo estimado em R$ 20 milhões. Casas, escolas, prédios públicos e ruas inteiras foram destruídas pela força das águas na cidade. Somente em ações de emergência, como concessão de cestas básicas, aluguel de lanches, aluguel de residências para abrigar pessoas e combustível para deslocamento de homens da Defesa Civil, Exército e Corpo de Bombeiros, a Prefeitura já gastou R$ 400 mil. Com 223 quilômetros quadrados, Trizidela do Vale era um bairro de Pedreiras até se emancipar em 10 de novembro de 1994.

No ano passado, quando Trizidela do Vale passou por uma situação similar (60% da cidade ficou inundada), a Prefeitura teve um prejuízo estimado de pelo menos R$ 10 milhões. Até o momento, por meio de programas de habitação do Governo Federal e de reconstrução de 15 km de vias públicas, foram realocados aproximadamente R$ 4,1 milhões. Destes, pelo menos R$ 1,7 milhão estão nos cofres da Prefeitura.

Sem alimentos

James Freitas disse que está faltando alimentos para os desabrigados. As cestas básicas não têm chegado ao município na velocidade proporcional à demanda dos moradores. Nos abrigos, por exemplo, existem famílias que receberam apenas a primeira remessa de alimentos. “Minha cesta acabou ontem (quarta) e hoje estou almoçando graças à ajuda de companheiros de abrigo”, reclamou a desabrigada Maria Helena de Lima.

Ontem, o Governo do Estado enviou 1.051 cestas para os desabrigados em Trizidela do Vale. Com um universo de quase três mil famílias desabrigadas, a Prefeitura tem arcado com a maior parte das despesas com a entrega de alimentos nos abrigos.

“O Governo do Estado está fazendo a sua parte. Sem dúvida, a ajuda chega em grande quantidade, mas o problema é que temos muitas pessoas para ajudar. E o governo precisa mandar ajuda para todo mundo, não somente para Trizidela ”, reconheceu o prefeito. Diante do grande número de desabrigados, a Prefeitura já cogita atrasar o pagamento do funcionalismo para atender às vítimas das enchentes.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.