COELHO NETO - O Centro de Ensino Médio Jornalista Mauro de Araújo Bezerra era para ser um modelo de escola pública de qualidade no Maranhão. De exemplo educacional mesmo o estabelecimento só tem a mostrar como se desperdiça dinheiro público no estado do Maranhão. A unidade de ensino, que fica localizada no bairro Olhodaguinha, na entrada da cidade, já entra na lista do governador Jackson Lago como uma das 63 escolas de ensino médio construídas em sua administração, entretanto, o fato não é bem assim. O centro de ensino não está em funcionamento e nem existe legalmente.
Os recursos para a construção da escola estão disponíveis desde 2001, resultado de um convênio firmado entre o ex-governador José Reinaldo Tavares e o Governo Federal, mas somente em 2006 a obra foi iniciada. A escola foi construída em tempo recorde e no primeiro semestre do ano passado já estava pronta e equipada para funcionar. Quem vê a escola por fora, imponente, bonita e moderna, não imagina o que suas paredes escondem.
Apesar de figurar entre as escolas construídas pelo Governo do Estado, a obra já apresenta sérios problemas em seu espaço físico. A unidade de ensino não tem qualquer condição de receber os estudantes neste momento, a não ser que passe por uma reforma.
As paredes apresentam infiltrações. Quem entra na escola se depara com a umidade e o mofo nas paredes, azulejos e material de acabamento. Quando chove, a água não escoa, pelo contrário, ela desce para dentro do imóvel pelo telhado, pelos ventiladores, pelos fios onde deveriam estar as luminárias.
Das 10 salas existentes, apenas três delas não apresentam infiltração. Quem anda pelos corredores, depois de uma chuva, enfrenta a água que toma conta do espaço físico do estabelecimento de ensino.
REFORMAS
A informação obtida por O Estado é que a unidade de ensino, após a construção, já passou por duas reformas, mesmo assim as infiltrações voltam a aparecer. Técnicos da Controladoria Geral do Estado (CGE) também já teriam visitado a escola para verificar a obra e condenaram o prédio.
Do lado de fora, o mato cresce e, além de cobrir a fachada do prédio, favorece o esconderijo de assaltantes. Um vigia da empresa contratada para executar a obra, a construtora Rio Bravo, tenta manter a segurança no local.
Do lado externo, algumas luminárias e lâmpadas já foram roubadas. O isolamento da escola, que fica no alto de um morro com uma rua de piçarra e lama de difícil acesso, também favorece a ação dos marginais. Na parte externa, além do matagal, a tampa da caixa d’água que serviria para abastecer a escola está no chão e o reservatório continua destampado.
A quadra de esportes coberta e de estrutura metálica também era para ser modelo de incentivo à prática esportiva, mas nem ela escapou da ação do tempo ou do resultado de uma possível obra malfeita. O telhado de metal foi arrancado e a pintura da quadra também está deteriorada. Se os alunos não fazem uso dela, crianças que residem no bairro entram quase todos os dias no local para jogar bola.
Funcionários da construtora responsável pela obra da escola, que estavam no prédio, durante a visita de O Estado, não quiseram gravar entrevista. Eles apenas alegaram que a obra ainda não foi concluída, portanto não foi sequer entregue ao Governo do Estado.
ALVORADA
A construção do Centro de Ensino Jornalista Mauro de Araújo Bezerra foi financiada pelo Governo Federal, por meio do Projeto Alvorada. Ela custou aos cofres públicos em torno de R$ 600 mil, empenhados somente na sua parte física.
A grande contradição no município está justamente na construção de uma escola-modelo, que já está pronta, mas sem condições para funcionar. As outras escolas da rede estadual no município funcionam precariamente. As escola Justino Bastos e Coelho Neto são exemplos. Elas não passam por reformas há anos.
Na Justino Bastos, a madeira que sustenta o teto está se deteriorando, dezenas de carteiras estão quebradas, a pintura e diversas paredes precisam de reparos, ventiladores estão danificados e os espaços de leitura funcionam precariamente devido à falta de manutenção.
A Prefeitura de Coelho Neto ajuda pouco. Anualmente, é a administração municipal que doa carteiras para estas escolas, sem receber qualquer repasse do Estado. As diretoras, por temerem represálias, não comentam o assunto, mas entre os alunos a reclamação é constante.
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