CODÓ - Os lavradores do povoado Santa Rita do Moisés, a cerca de 20 quilômetros da sede do município de Codó, estiveram nesta quarta-feira (09), na delegacia acompanhados do presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Antonio Barros, para registrar uma queixa devido a conflitos por causa da terra. Mas enquanto o grupo tentava falar com o delegado regional, Osires Martins, a confusão ainda se desenrolava na localidade atualmente em processo de desapropriação pelo Incra, segundo o sindicato.
Por causa desse processo, não é de hoje que problemas existem entre as famílias e os proprietários, já que a área foi deixada de herança. Dessa vez a lavradora, Margarida Rodrigues, conta que havia um acordo entre os lavradores e um dos proprietários para que eles preparassem a área para o plantio de arroz, feijão, milho e mandioca e, só depois disso, o dono poderia semear capim sobre o mesmo terreno. “Era para semear o capim só no mês de março, depois que terminasse a planta. Quando foi hoje, eles vieram de surpresa. Trouxeram o pessoal de lá para semear o capim”, explicou a lavradora.
Para garantir que o capim seria semeado, os homens vieram acompanhados de policiais civis. De acordo com a delegada, Maria Tecla Cunha, um responsável pela localidade teria ido até seu gabinete pedir o apoio policial para realizar o trabalho. Entendendo que, sem que haja a conclusão do processo de desapropriação, o proprietário permanece no uso de seus direitos, ela autorizou a escolta.
Sem problemas até então, o caso é que os moradores ficaram revoltados com a forma como alguns lavradores teriam sido tratados pelos policiais. O agricultor, José Francisco Fernandes, afirma que foi agredido fisicamente. “Foi uma coisa que eu nunca nem tinha passado nos dias da minha vida. Ele (policial) tomou meu facão, botou uma arma na minha cabeça, me deu um chute nas minhas costelas e mandou – vai embora vagabundo”, afirmou o lavrador.
Por conta de que este episódio aconteceu na roça, não havia, segundo os lavradores, tumulto, aglomeração de pessoas nervosas ao redor da polícia. Pouco mais de três homens ficaram no local onde os que vieram com a polícia jogavam sementes de capim para pasto bovino. Mesmo assim, o excesso dos agentes teria ocorrido na opinião dos denunciantes. Antonio Santiago dos Santos, 40 anos, foi algemado e trazido para a delegacia detido sem, segundo o próprio, ter desacatado ninguém. “Fui agredido, aberturado por trás (levantado pela camisa), algemado, me chamou de vagabundo, dizendo que nós queríamos empatá-los de trabalhar. A polícia me chamou de vagabundo, tava tudo armado lá de metralhadora”, denunciou revoltado o lavrador.
Perguntado sobre a razão dos policiais terem tido esta reação, disse que teria pedido de volta o facão que usava para o trabalho na roça, naquele momento tomado pela polícia. “Eu tava armado com o facão, fui tirei o facão dei para eles e falei para não levarem o facão porque a arma que eu tinha era aquela para eu trabalhar e ainda assim eles agiram assim. Meus meninos chorando perto de mim, jogaram a mão na minha criança – sai do meio – se não eles vinham presos também”, disse revoltado.
Sobre se houve ou não excessos por parte dos policiais civis no que era para ser apenas uma operação de apoio aos semeadores de capim, a delegada, Maria Tecla Cunha, disse que só poderá falar sobre o assunto depois que ouvisse oficialmente os queixosos e, posteriormente, os policiais.
As famílias de Santa Rita do Moisés agora estão temendo uma invasão das casas. Principalmente porque, na opinião da lavradora, Juliana Carvalho de Sousa, as mulheres ficam sozinhas durante o dia. “As pessoas que moram com a gente trabalham, vão para o serviço e ficam só as mulheres, as vezes só as crianças. Daí eles chegam de surpresa como hoje e invadem a casa da gente. O medo é esse”, justificou a lavradora que também pediu agilidade para Incra em relação ao processo de desapropriação.
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