SÃO LUÍS - A dengue continua avançando no Maranhão. Dados do Ministério da Saúde indicam que foram registrados nos seis primeiros meses deste ano 10.052 casos de dengue, número 55% superior a de todo o ano de 2006, quando foram verificados 6.540 casos. A principal preocupação dos epidemiologistas é que, este ano, houve o aumento muito grande de crianças infectadas pela doença, em relação aos adultos.
Em toda a região Nordeste, apenas em quatro estados houve mais notificações entre janeiro e junho de 2007 do que em todo o ano de 2006. Além do Maranhão, figuram nesse quadro os estados da Paraíba (132% de casos a mais), Pernambuco (23%) e Piauí (22%).
Isso significa que, ano passado, eram notificados, em média, 537 casos por mês no Maranhão, ou 17 por dia. Já nos seis primeiros meses de 2007, a média de casos mensais foi de 1.675 ou 55 diariamente, ou seja, média de 221% superior à de 2006.
Na região Nordeste, conforme o último boletim do Ministério da Saúde, o Maranhão é o estado com o terceiro maior número de notificações da doença, perdendo para o Ceará e para Pernambuco. No Ceará, foram registrados 25.444 casos da doença, enquanto em Pernambuco houve 22.162 registros.
Além disso, o Maranhão, em 2007, teve a segunda maior variação na média mensal dos casos, perdendo apenas para a Paraíba. Se no Maranhão a variação da média mensal chegou a 211%, na Paraíba essa média foi de 364%. Os epidemiologistas maranhenses alegam que ainda é cedo para afirmar que o estado vive uma epidemia de dengue. “Estamos acompanhando uma tendência nacional de aumento dos casos de dengue, principalmente em função do período chuvoso. Estamos vivendo um surto de dengue, não uma epidemia”, ressaltou o médico Wellington Mendes.
Crianças
Entretanto, uma característica dos casos de dengue neste ano vem preocupando os médicos: a grande incidência em crianças. Segundo a infectologista Maria dos Remédios Carvalho Branco, no ano de 2007 o aumento proporcional de casos de dengue em crianças foi maior do que nos adultos.
“O Ministério da Saúde esperava que isso acontecesse em 2003, mas esse quadro tornou-se realidade a partir do ano passado. Como vários adultos foram infectados em anos anteriores, esperava-se que, agora, fosse a vez das crianças, o que acabou acontecendo. Por isso, os pais precisam ficar atentos. Quando a dengue atinge crianças, a doença ataca com uma força maior, até por causa da baixa imunidade delas”, afirmou a epidemiologista.
Um exemplo disso é Raiane Taísa Bezerra Pereira, de 8 anos, que estava internada ontem no Hospital Materno Infantil. Ela, que mora na cidade de São José de Ribamar, sentiu fortes dores na região abdominal, acompanhadas de febre alta, sexta-feira, e precisou ser levada com urgência ao hospital, para o desespero da mãe, Rosenilde Bezerra Pereira, de 33 anos. “Fiquei aflita. Principalmente porque já ocorreram vários casos da doença na cidade, também envolvendo crianças”, comentou a dona-de-casa. Somente no Hospital Materno Infantil, por exemplo, cerca de cinco crianças, diariamente, são internadas com dengue.
A epidemiologista Maria dos Remédios Carvalho Branco, enumera três fatores para o aumento no número de casos de dengue no Maranhão: falta de políticas públicas para o combate ao mosquito Aedes aegypt, transmissor da dengue; a entrada, no estado, do sorotipo 3 da doença, que, até então, não havia sido detectado, e a baixa participação da população no combate à doença. “Esse combate precisa ser feito por todos. Caso contrário, os casos irão aumentar a cada ano”, contou Maria Carvalho Branco.
Tipo hemorrágico
Outro fenômeno da dengue no estado é o avanço do tipo hemorrágico da doença. Conforme os dados do Ministério da Saúde, no Maranhão foram registrados 68 casos durante os seis primeiros meses do ano de 2007. Em todo o ano passado, foram 117. Em média, foram notificados 11,3 casos por mês do tipo hemorrágico da dengue, número 16% maior do que no ano passado.
Pelos dados do ministério, o Maranhão também é o terceiro estado com o maior número de registros da dengue hemorrágica da região Nordeste, perdendo apenas para o Rio Grande do Norte, que teve 123 casos notificados nos seis primeiros meses de 2007, e Ceará, com 125 registros. Em relação ao número de mortes pela doença em 2007, o Maranhão figura na segunda posição no Nordeste, abaixo apenas do Piauí.
No Maranhão, houve, nos seis primeiros meses deste ano, cinco mortes por dengue hemorrágica confirmados, contra 15 do Piauí. Nos estados da Paraíba, Pernambuco e Sergipe, não foram registradas mortes por causa da doença.
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