CODÓ - A população da cidade prestigiou a inauguração da nova sede do Instituto Maná na última quarta-feira, 23/5. Representantes do Ministério Público, da justiça, dos poderes executivo estadual e municipal, legislativo, sociedade civil organizada e diversos segmentos da população participaram da solenidade que entregou uma casa totalmente reformada às crianças e adolescentes participantes das atividades.
O músico e voluntário Wildelano José Lima contribui com o seu trabalho desde o início das atividades do instituto, em junho de 2006. Desde então ele presenciou o número de participantes crescer, junto com o desenvolvimento e estruturação das atividades do que era apenas um projeto. Das três crianças, no início, que tinham aula de música, hoje o número ultrapassa 20 participantes.
Para o voluntário, o grande problema dos jovens é a falta de referência familiar. Durante as aulas de música, a abordagem ultrapassa as noções de ritmo, notas, cifras, teoria e técnica musical. O educador aborda a formação de cidadania, a convivência comunitária e familiar. "O Maná é uma segunda oportunidade. Codó foi agraciada pela atenção do Ministério Público".
O trabalho voluntário de Wildelano inclui duas horas diárias, de 2ª a 6ª feira. Além de exercer a sua cidadania, ajudando as crianças a fugir da marginalidade, ele tem espaço para trabalhar questões como respeito aos mais velhos, à família, e dar importantes referências aos jovens.
É o caso do adolescente Francisco das Chagas Pereira Filho, 17 anos. O dia da inauguração marcou sua estréia nos palcos. Ele apresentou a performance "O Menestrel", do dramaturgo inglês William Shakespeare, e emocionou a platéia com seu talento. O contato com o Instituto Maná se deu em razão de seu conflito com a lei, principalmente a prática de furtos.
Ele conta que estava afastado da escola há quatro anos e tinha conflitos com a família. "Passava dias fora de casa e não tinha o respeito da família, das pessoas". Encaminhado pela justiça, o Maná representou uma mudança na vida do adolescente. "Me receberam muito bem. Considero o Maná uma segunda casa", afirma. O jogo começou a mudar com as aulas de música e teatro. Estimulado pelos educadores, voltou aos bancos do colégio e hoje cursa a 6ª série do ensino fundamental. Afastou-se da rua e pretende continuar no instituto. Questionado sobre o futuro, afirma que irá construí-lo com muito trabalho, ao lado da família.
Durante a cerimônia de abertura, o promotor de justiça e vice-presidente da Associação do Ministério Público do Maranhão, Vicente de Paulo Martins, destacou o momento singular de demonstração do papel social do Ministério Público maranhense. "Foi-se o tempo que o MPMA era apenas acusador. É um orgulho para a instituição se fazer presente na vida da sociedade com uma ação desse porte em Codó", destacou. Segundo ele, o Maná é uma ação exemplar para o resgate da cidadania da infância.
A promotora de justiça Theresa Maria Muniz Ribeiro, idealizadora do instituto, citou o artigo 227 da Constituição Federal, que dispensa à criança e ao adolescente a prioridade absoluta em suas ações. "A inauguração desta sede representa a conjunção de esforços coletivos aqui materializados". Em seu pronunciamento, a promotora de justiça destacou os "vergonhosos" indicadores sociais do Brasil, lembrando que milhares de crianças e adolescentes em idade escolar perambulam à própria sorte pelas ruas.
De acordo com a promotora, existe uma "cultura de violência" e as crianças têm seus direitos tratados de forma inadequada. Nesse contexto, o Maná está buscando atender a Constituição Federal. "Os discursos e as palavras não bastam. Precisamos agir", enfatizou, sobre a necessidade de mobilização social para enfrentar esse tipo de problema.
Ela destacou ainda que o promotor de justiça é, nesse contexto social de negação de direitos, um catalizador das demandas sociais. "A concretização das normas sociais é tarefa de todos nós."
O procurador-geral de justiça, Francisco das Chagas Barros de Sousa, cumprimentou a iniciativa da promotoria em Codó e falou sobre a importância de ações como o Instituto Maná. "Sabemos que há uma dívida social. Há uma distância entre o que está escrito na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente e o que está materializado no dia-a-dia". Portanto, segundo ele, iniciativas como o Maná representam ações para garantir a materialização dos direitos. "Hoje temos um exemplo muito forte. O Maná é uma experiência positiva que o Ministério Público maranhense vai incorporar, contribuindo com uma sociedade mais justa e mais igualitária".
Participaram da solenidade a subprocuradora-geral para assuntos administrativos, Terezinha de Jesus Guerreiro Bonfim; o procurador de justiça; Teodoro Peres Neto; o promotor-corregedor, José Augusto Cutrim Gomes; os promotores de justiça Raimundo Nonato Cavalcante, Esdras Liberalino Júnior, Sarah Albuquerque Santos.
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