SÃO LUÍS - Deputados de oposição, capitaneados por Victor Mendes (PV), defenderam, na sessão ordinária de ontem (segunda-feira, 21), um rigoroso processo de investigação para elucidar a suposta participação do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) e do atual, Jackson Lago (PDT), no esquema de desvio de dinheiro público, trazido à tona pela “Operação Navalha”, da Polícia Federal. “Os fatos apurados [até aqui] devem servir de base para a abertura de uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito]”, propôs Mendes, em discurso lido da tribuna.
A CPI da Navalha, conforme sugeriu Victor Mendes, teria o acompanhamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público. Seu objeto de investigação incluiria, além do esquema comandado pela Gautama, os convênios firmados entre governo do Estado e prefeituras municipais, o caso das estradas fantasmas e obras feitas com dispensa de licitação. “Somente uma ação firme desta Casa poderá trazer, à sociedade, as respostas que neste momento são cobradas”, advertiu.
No entendimento de Victor Mendes, as descobertas da Polícia Federal e a prisão de pessoas supostamente envolvidas são baseadas em denúncias e investigações “bem fundamentadas”, mas, longe de encerrar o processo de elucidação, só evidenciam a necessidade de criação de uma CPI. “[Os fatos] têm um marco simbólico para os maranhenses, mas não são suficientes. A sociedade quer respostas”.
Segundo Mendes, os governos de José Reinaldo e Jackson Lago possuem um traço de ligação negativo que ele definiu como “um concubinato vergonhoso”. “Para ser justo, talvez haja sim um princípio ético capaz de explicar essa união: a ética do toma lá dá cá”.
O vértice entre Jackson Lago e José Reinaldo seria, na visão do deputado, os convênios firmados entre Estado e municípios, “numa feliz coincidência com o período eleitoral, por meio da também conhecida Operação Casulo”, cujo objetivo, ainda conforme Mendes, teria sido o de garantir a eleição de Jackson Lago.
Os deputados Francisco Gomes, César Pires e Max Barros, todos do DEM; e Jura Filho (PMDB) também defenderam a apuração completa das denúncias levantadas nas investigações da Polícia Federal, envolvendo os governos José Reinaldo e Jackson Lago. “Não estamos aqui para acusar ninguém, mas para pedir que os fatos sejam apurados até as últimas conseqüências”, disse Gomes.
Jura Filho quer que se esclareçam todas as suspeitas que pesam contra o governo atual e o anterior. “É importante que se passe a limpo [as denúncias] e que pague aquele que deve para o bem do Maranhão”.
César Pires lembrou que os fatos são reais e que a Assembléia deve examiná-los com seriedade, evitando-se a banalização, como a tentativa de atribuir ao senador José Sarney a responsabilidade pela prisão do ex-governador José Reinaldo. “Se Sarney tivesse a força que imaginam, muitas outras ações da Polícia Federal não estariam estampadas nos jornais até hoje”.
O deputado Max Barros chamou a atenção para valores supostamente pagos pelo governo atual à Gautama com recursos do orçamento de 2007, o que, segundo ele, constitui grave irregularidade, porque são obras referentes ao exercício de 2006. “Para tanto o governo teria que solicitar a abertura de créditos para exercícios anteriores”.
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.