SÃO LUÍS - Há exatos 30 dias, o prefeito de Presidente Vargas, Raimundo Bartolomeu Aguiar, o Bertin, foi executado nas proximidades do município de Itapecuru-Mirim, na BR-222. O saldo das investigações se resume a três policiais militares presos como executores e vários depoimentos de pessoas que estariam diretamente relacionadas à vítima. A polícia acredita em crime de vingança ou político, mas ainda não conseguiu chegar a possíveis mandantes. Os delegados encarregados da apuração do crime solicitaram prorrogação de prazo para conclusão do inquérito e foram atendidos.
O prefeito seguia para seu município de origem quando sua caminhonete foi “trancada” por outro veículo. Ele foi morto no local, depois de ser torturado e algemado. O secretário de Esportes de Presidente Vargas, Pedro Albuquerque, o Pedro Pote, que o acompanhava, foi baleado e sofreu um golpe de faca na cabeça, mas sobreviveu.
Com o local do crime preservado e uma das vítimas sobrevivente, a possibilidade de elucidação rápida do crime era real. Passado um mês, o saldo é de três policiais militares presos, por terem sido reconhecidos como envolvidos diretamente com o crime, e muita especulação sobre mandantes e motivação do atentado.
Esta semana, o delegado Solón Pinheiro, que preside o inquérito, solicitou da Justiça a prorrogação do prazo para a conclusão do processo, já que pretende ouvir mais pessoas e esclarecer situações e álibis.
Estão presos por determinação da Justiça os sargentos José Evangelista Duarte Santos e Benedito Manoel Martins Serrão e o soldado Raimundo Nonato Gomes Salgado. O primeiro lotado em São Benedito do Rio Preto, o segundo chefe do destacamento de Presidente Vargas e o terceiro, do destacamento de Nina Rodrigues. Os três, porém, negam participação no episódio e se declaram homens trabalhadores e cumpridores de sua missão como policiais militares.
Característica
Várias pessoas já foram ouvidas em São Luís, Itapecuru-Mirim e Vargem Grande. Para a polícia, a morte de Raimundo Bartolomeu tem características de crime por vingança ou político. Apesar do trabalho intenso, os investigadores ainda não conseguiram apontar quem seriam os mandantes, apesar dos boatos que circulam em Presidente Vargas e adjacências sobre os desmandos na Prefeitura daquele município.
Advogados, amigos e políticos da região, em uníssono, afirmam que as finanças de Presidente Vargas não estavam sob controle do prefeito Bertin, mas do irmão do deputado estadual Paulo Neto, Josivan Garreto, o Josa, que detinha talonários de cheques, movimentava contas bancárias e elaborava a folha de pagamento do município.
Ouvido por um dos delegados da comissão de investigação, Josa se deteve em se defender das acusações e denúncias, informando que apenas fazia a folha de pagamento e era pago para isso. A comissão de delegados deve reinquiri-lo para que esclareça alguns questionamentos.
Os últimos depoimentos sobre o episódio teriam levado os delegados a mudarem de idéia com relação ao deputado Paulo Neto. A princípio, ele não seria ouvido, mas há informações de que a comissão deve solicitar da Assembléia Legislativa autorização pra ouvir o parlamentar, definindo horário, data e local.
Fique por dentro
Dia 6/3 - Por volta de 23h, quando trafegava nas proximidades do povoado Cigana, em Itapecuru-Mirim, o prefeito de Presidente Vargas, Raimundo Bartolomeu Aguiar Santos, foi executado. O secretário de Esportes do município, Pedro Albuquerque, o Pedro Pote, que o acompanhava, foi baleado e esfaqueado, mas sobreviveu.
Dia 7/3 – O crime repercutiu e, para investigá-lo, foi formada uma comissão com três delegados (Solón Pinheiro, Rafael Leite, Roberto Larrat), com participação de equipes da Deic, Serviço de Inteligência e Superintendência de Polícia Civil do Interior.
Dia 19/3 - Boatos circularam em Presidente Vargas e chegam à imprensa indicando, como motivação do crime, dívidas. Quatro policiais militares e um deputado estadual poderiam estar envolvidos no crime. Outros boatos informavam que todas as transações financeiras do prefeito Bertin estariam ligadas ao deputado Paulo Neto e seu irmão Josivan Garreto, o Josa.
Dia 20/3 - Em coletiva a imprensa, o governador Jackson Lago diz que dois executores do prefeito já estariam identificados e que seriam policiais militares. Os nomes dos acusados foram divulgados à noite, após a prisão. Tratava-se do sargento José Evangelista Duarte Santos e o soldado Raimundo Nonato Gomes Salgado.
Dia 21/3 - Os dois militares foram ouvidos pela comissão de investigação e, em coletiva à imprensa, negaram qualquer envolvimento no crime. “Sou homem sério, honesto e trabalhador”, disse o sargento Evangelista; “Estou querendo saber quem me envolveu nesta história”, interrogou o soldado Evangelista.
Dia 22/3 - O secretário de Esportes de Presidente Vargas, Pedro Albuquerque, o Pedro Pote, esteve na Delegacia Geral e fez o reconhecimento dos dois militares. Segundo ele, o sargento Evangelista teria executado o prefeito e o soldado Salgado lhe agredido, em companhia de outra pessoa.
Dia 28/3 - A comissão que investiga a morte de Bertin decidiu ouvir Josivan Garreto, o Josa, irmão do deputado Paulo Neto, denunciado como o responsável pelas finanças da Prefeitura. Na ocasião, foi descartada a solicitação para ouvir o deputado por não haver nada contra ele no caso.
Dia 29/3 - O clamor público é apontado pelo delegado-geral Jefferson Portela como motivação para que o deputado Paulo Neto seja ouvido. Como tem foro privilegiado, a oitiva deve acontecer em lugar, data e horário escolhido por ele, após autorização da Assembléia Legislativa.
Dia 30/03 - Os soldados Amós Silva de Oliveira e Benedito Manoel Martins Serrão foram ouvidos pela comissão de investigação. Serrão foi submetido a auto de reconhecimento e identificadocomo o segundo homem que agredira Pedro Pote na noite do crime. Ele está preso administrativamente.
n Dia 1º/4 - O sargento Serrão foi preso temporariamente por envolvimento na morte do prefeito Bertin.
Dia 2/4 - O nome do coronel Roberto Uchôa, comandante do policiamento da capital, foi citado no episódio por ter sido quem encaminhou o sargento Serrão para comandar o destacamento de Presidente Vargas. Foi anunciado o seu afastamento do cargo no CPM.
Dia 3/4 - O coronel Uchôa retornou ao cargo no CPM para que não seja vinculada sua saída a suposto envolvimento na morte do prefeito. Ele se apresenta à comissão de investigação e presta declarações por mais de quatro horas. Após o depoimento, o delegado-geral garantiu que não havia envolvimento do coronel com o assassinato do prefeito.
Dia 4/4 - Ex-vereador de Presidente Vargas, Boaventura Mendes prestou depoimento à comissão de inquérito e confirmou que intermediou venda de terreno ao deputado Soliney Silva, e que foram usados cheques da Prefeitura de Presidente Vargas no negócio. Os cheques seriam do pagamentos de juros de uma dívida do deputado Paulo Neto com Soliney Silva.
Dia 5/4 - Um advogado denunciou que seu cliente, Benito Filho, foi torturado por policiais que investigavam o Caso Bertin, em Vargem Grande, para que confessasse envolvimento. Ele foi preso, acusado de direção perigosa, por estar dirigindo embriagado. O delegado negou tortura e alegou que realmente Benito Filho era suspeito de ser o motorista do carro dos executores e foi ouvido esta semana. “Ele só foi autuado porque estava dirigindo embriagado”, disse o delegado.
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