SÃO LUÍS - O senador José Sarney (PMDB-AP) fez um apelo ao presidente do Senado Federal para que intervenha urgentemente junto ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a fim de garantir a preservação do acervo cultural da Fundação da Memória Republicana, que abriga o Memorial José Sarney, no Maranhão. O memorial guarda cerca de 550 mil documentos que registram a passagem do senador pela presidência da República.
Segundo Sarney, a Assembléia Legislativa do Maranhão aprovou, nesta quinta-feira (17), uma lei estadual que estipula o prazo de 30 dias para que o acervo pertencente ao ex-presidente seja retirado do prédio do Convento das Mercês, sede da Fundação. O senador pelo Maranhão atribuiu a aprovação da lei a uma vingança pessoal do governador do estado, José Reinaldo, considerado por Sarney "seu ex-afilhado político".
Confessando-se ferido e amargurado diante da situação, Sarney pediu interferência da União na questão, uma vez que o artigo 216 da Constituição federal, regulamentado na Lei federal n.º 8.394/91, determina que os acervos documentais privados dos presidentes da República são de interesse público e integram o patrimônio cultural brasileiro.
Sarney enumerou suas doações ao Memorial e dentre elas destacou várias obras raras, como o manuscrito de Espumas Flutuantes, de Castro Alves. Fazem parte do acervo do memorial 40 mil livros de sua biblioteca pessoal; 2,5 mil obras de arte; 80 mil manuscritos; 18 mil negativos; 1,5 mil filmes de 16 milímetros; slides; discos; quatro mil fitas de vídeo; além de todos os presentes recebidos durante seu mandato no Palácio do Planalto. A Fundação, informou o senador, também promove projetos culturais, beneficiando centenas de famílias carentes, destacando a banda de música integrada por meninos de rua.
O ex-presidente da República registrou ainda que instituições dessa natureza são comuns nos Estados Unidos, em que cada presidente que deixa o poder cria um museu para guardar a memória de sua passagem pela Casa Branca. Com o objetivo de resguardar material de pesquisa histórica, já existem no Brasil, além do Memorial José Sarney, o museu Castello Branco, em Fortaleza; o museu Getúlio Vargas, em São Borja (RS);o memorial Juscelino Kubitschek, em Brasília; o memorial Tancredo Neves, em São João del Rey (MG), e o Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.
Em apartes, manifestaram indignação à atitude do governador do Maranhão e exprimiram apoio a Sarney os senadores Alberto Silva (PMDB-PI), Mão Santa (PMDB-PI), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Valmir Amaral (PTB-DF), Papaléo Paes (PSDB-AP) e José Maranhão (PMDB-PB). Na presidência da sessão, o senador Edison Lobão (PFL-MA) garantiu que providências urgentes serão tomadas pela Casa.
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