CODÓ - Na zona rural de Codó vivem os filhos de 32% da população do município. Estudantes, em sua maioria, de 1ª a 4ª série do ensino fundamental. Um dos maiores problemas enfrentados pelos estudantes é a falta de estrutura física das escolas municipais, todas construídas de taipa e coberta de palha, sem o mínimo de conforto.
Em Amparo, por exemplo, há menos de 12km do centro de Codó, 39 alunos de 1ª a 4ª série do ensino fundamental, nos turnos matutino e vespertino, são obrigados a estudar num casebre reformado por um dos moradores da localidade, que até hoje espera ser ressarcido pela Prefeitura.
A modesta cobertura de palha de babaçu é baixa, as paredes de taipa deixam o ambiente ainda mais apertado e com luminosidade inadequada. Não há piso e dentro do espaço de menos de 10m², os alunos ficam em meio a dois filtros de água, uma grande panela para o preparo da merenda e um amontoado de carteiras quebradas.
Também não há banheiro.“Na hora de fazer aquelas coisas a gente corre para o mato, fazemos atrás da escola”, explicou envergonhado, Francisco Inaldo Coutinho, aluno de 8 anos.
Quem leciona nessas condições tem outro problema, a sobrecarga de trabalho. Na zona rural de Codó, uma única sala, abriga alunos de até quatro séries. Cabe ao professor ensinar a todos eles, incluindo leitura de textos, cópias no quadro negro sobre disciplinas totalmente diferentes no mesmo horário.
Dados
“Eu uso dois quadros passo o exercício para uma série num e no outro trabalho com outra série. E aí vou circulando pela classe tirando as dúvidas de um a um. Seria ótimo se pudéssemos trabalhar apenas com uma série o aprendizado deles seria outro”, disse a professora, Maria Silva.
Um levantamento recente feito pela Prefeitura mostra que das mais de 200 escolas do município, cerca de 101 têm estrutura de pau-a-pique (cobertura de palha e paredes tapadas a base de cipó, talo e barro). Em muitos povoados, elas só existem por que a comunidade construiu, como aconteceu em Barro Vermelho, há 13km da sede do município.
“As crianças estudavam numa capela, pediram só para rezar e para não vermos nossos filhos sem estudar construímos esta”, disse o lavrador Abdias Bento dos Santos, apontando para o casebre onde reúnem-se cerca de 29 alunos da comunidade no período da manhã.
“Nunca mudou nada, tanto prefeito que entra. Promessas têm demais, mas quem ficou para viver de promessas foram os santos”, desabafou o lavrador, Raimundo Nonato Evaristo de Souza.
Codó, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem 40,62% de pessoas acima de 15 anos de idade que não sabem ler nem escrever.
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