CARUTAPERA - A alta incidência de ataques de morcegos hematófagos no litoral noroeste do Maranhão não é novidade para a Secretaria de Saúde do Estado. Pelo contrário, o fato havia sido comunicado à Secretaria Estadual de Saúde desde janeiro deste ano. A informação é do secretário Municipal de Saúde de Carutapera, Alexandre Cerqueira.
Segundo o secretário municipal de Saúde, o alerta foi dado à Prefeitura de Carutapera sobre os ataques de morcegos na região nordeste do Pará (principalmente das cidades de Viseu e Augusto Corrêa), onde houve 16 mortes em maio do ano passado. “Em janeiro alertei diretamente a regional de Zé Doca sobre a probabilidade de ataques em toda a região. Conversei diretamente com o titular da regional, Egídio Monteiro, mas nada foi feito. As primeiras providências, no entanto, demoraram para ser tomadas. Só em julho, quando eclodiu o surto, é que foram providenciadas as primeiras ações. Isso, depois de ocorrerem mortes no município de Godofredo Viana”, disse Alexandre Cerqueira.
De acordo com Cerqueira, este não foi o único aviso dado à Secretaria de Estado da Saúde. Diante de ataques na região de Godofredo Viana, em maio deste ano, mais uma vez a secretaria foi alertada, mas nenhuma providência foi tomada. “Quando a situação se agravou em Godofredo, mais uma vez nós procuramos a secretaria, que demorou cerca de um mês para tomar uma atitude. Isso é uma vergonha. Quer dizer que foi necessário o sacrifício de várias vidas para que o governo estadual tomasse uma providência?”, questionou o secretário.
Providências
As primeiras providências na cidade de Carutapera foram tomadas somente no final do mês de julho, quando uma pessoa morreu e haviam, até aquele momento, cerca de 170 casos de pessoas atacadas por morcegos hematófagos. A morte ocorreu no bairro de Santa Rita. Mesmo assim, a ajuda foi insuficiente para conter o surto. O governo estadual disponibilizou 10 equipes de saúde e destinou ao município cerca de R$ 36 mil para investimentos no controle da raiva humana no município. “O dinheiro ajudou, mas muito pouco.
Com ele, compramos apenas um motor para lancha, na qual estamos visitando as comunidades mais distantes, assim como outros investimentos menores. Na época, precisamos de mais assistência, mas o Estado alegou falta de recursos para mais ações neste sentido”, informou.
Além disso, o secretário declarou que durante o surto de raiva humana no município, entre julho e agosto, a prefeitura precisou bancar parte do combustível e hospedagem para os técnicos da Secretaria da Saúde. Uma situação parecida com a do município de Turiaçu, na qual os agentes de saúde não receberam dinheiro para hospedagem, alimentação e gastos com combustível.
A Secretaria de Saúde do Estado foi procurada pela reportagem de O Estado, que não conseguiu ne-nhum contato para falar sobre o assunto.
Atualmente, o surto de raiva no município de Carutapera está parcialmente controlado. Já foram aplicadas 1.254 doses de vacinas anti-rábicas e estão sendo realizadas campanhas educativas.
Cinco equipes trabalham no controle (captura de morcegos e aplicação de vacinas) e prevenção de novos casos de raiva humana. Somente em Carutapera já foram capturados 56 morcegos, destes, 47 da raça Desmodus Rotundus, ou o morcego hematófago. Desde setembro, não há notícias de novos ataques no município. Ao todo, 215 pessoas foram atacadas por morcegos hematófagos.
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