SÃO LUÍS - Duas semanas após a publicação da revista Veja, que denunciou o esquema de corrupção do governo José Reinaldo Tavares, nem ele nem seus auxiliares envolvidos no esquema, se pronunciaram publicamente sobre o escândalo de “construção” de estradas fantasmas no interior.
Na semana em que estourou o escândalo, José Reinaldo ainda tentou criar uma cortina de fumaça sobre as denúncias indo a Brasília, dizendo-se perseguido. Não conseguiu convencer, e apenas demonstrou falta de comando em seu próprio governo, uma vez que chegou a afirmar não ter certeza de que as estradas foram feitas.
O engenheiro José de Ribamar Teixeira Santos, em depoimento aos promotores de Justiça na última quinta-feira, confirmou a existência do esquema de desvio do dinheiro público. No depoimento, o engenheiro declarou que montava os processos atestando a “existência” das estradas atendendo às ordens do secretário afastado João Cândido Dominici, da Secretaria Estadual de Infra-Estrutura, e de Reinaldo Carneiro Bandeira, secretário-adjunto de Obras Rodoviárias do órgão.
Uma semana antes do depoimento de José de Ribamar Teixeira aos promotores, o governador José Reinaldo Tavares confessou, numa entrevista à imprensa, no luxuoso hotel Blue Tree Park, em Brasília (DF), que as estradas fantasmas “construídas” pelas empreiteiras Petra Construções e L.J. Construções foram devidamente pagas. Estrategicamente, as declarações do governador foram ditas bem longe da população maranhense.
Por meio de seus porta-vozes, o chefe do Executivo estadual disse que “mandou” imediatamente o Ministério Público Estadual (MPE) apurar as denúncias das estradas fantasmas. Segundo o procurador-geral de Justiça, Raimundo Nonato Carvalho Filho, “o Ministério Público investiga essas denúncias de estradas pagas e não construídas desde o dia 28 de novembro do ano passado”.
Silêncio
Em silêncio, o governador José Reinaldo Tavares viajou na última quarta-feira para Brasília e em seguida para o Rio de Janeiro, onde encontraria com a esposa Alexandra Tavares, citada na matéria de Veja como uma das beneficiárias pelo esquema. Segundo a revista, ela e outras “pessoas do governo” recebiam 80% dos recursos desviados. Os outros 20% ficavam com as empreiteiras, todas ligadas ao empresário Lourival Parente Filho.
A estratégia de manter-se mudo sobre o esquema das estradas virtuais, não tem sido usada somente pelos ocupantes do Palácio dos Leões. O secretário afastado João Cândido Dominici, e o secretário adjunto, Reinaldo Carneiro Bandeira, também optaram pelo silêncio.
Tanto a esposa do governador, Alexandra Tavares, quanto o cunhado e secretário João Dominici e o amigo de infância Reinaldo Carneiro Bandeira compõem a lista de pessoas a serem ouvidas pelos promotores de Justiça que investigam o esquema batizado de “Operação Petra”.
Na semana passada, os promotores mandaram intimar o secretário afastado da Sinfra, João Dominici, e Reinaldo Bandeira, mas ambos não foram localizados pelos oficiais de Justiça. Uma fonte do Ministério Público afirmou a O Estado, que assim que retornar à São Luís, Alexandra Tavares será intimada a prestar depoimento no Ministério Público Estadual.
Proprietário da empreiteiras Petra Construções e L.J. Construções que “executaram” as obras das estradas fantasmas o empresário Lourival Parente Filho também não se pronunciou e nem foi localizado pelos promotores que investigam o escândalo. Informações obtidas por O Estado dão conta de que o empreiteiro estaria em Uberlândia, onde a Petra Construções possui um escritório.
Os promotores que investigam as fraudes da “Operação Petra” aguardam que a Sinfra entregue os documentos referentes as obras “fantasmas” pagas pelo Governo do Estado. Os documentos requeridos na semana passada tem o prazo de até terça-feira, dia 18, para serem enviados ao Ministério Público.
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