Falta de recursos pode ter causado acidente em Alcântara, segundo Comissão

A comissão, que concluiu os trabalhos, é formada por 12 parlamentares.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 15h00

BRASÍLIA – Um ano após o acidente na Base de Alcântara (MA), que resultou na morte de 21 técnicos e funcionários que trabalhavam no protótipo do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1), a Comissão Externa da Câmara dos Deputados, instalada para apurar as causas da explosão, defende mudanças na condução do programa espacial brasileiro.

Integrada por doze deputados, a Comissão concluiu que as ações brasileiras no campo espacial estão sucateadas e a falta de dinheiro pode ter influenciado diretamente no acidente em Alcântara.

O relatório preliminar, elaborado pelo deputado Corauci Sobrinho (PFL-SP), ainda precisa ser aprovado pela Comissão mas aponta a gradativa redução de recursos destinados ao programa espacial nos últimos anos. Enquanto em 1988 foram repassados R$ 255,8 milhões, em 2002 o valor caiu para R$ 45,4 milhões. “A falta de recursos é um dos aspectos fundamentais para explicar a falta de sucesso do VLS até agora e o acidente. Esta escassez desacelerou o programa, fazendo com que tudo fosse adiado para prazos cada vez maiores”, afirma Corauci Sobrinho no relatório.

Outro motivo que explica o acidente, segundo o documento, é a política de pessoal implementada no programa. O relator revela que vários técnicos e funcionários da Base de Alcântara têm que recorrer a atividades paralelas de trabalho como forma de garantir maiores recursos para as famílias. “Dos recursos derivam todos os problemas. Até a alimentação dos funcionários tem um cardápio econômico”, critica a deputada Terezinha Fernandes (PT-MA), que acompanhou as diligências da Comissão na Base de Alcântara.

Os deputados deixam claro, porém, que o objetivo da Câmara não foi investigar as causas técnicas que provocaram o acidente – uma vez que o Ministério da Defesa já havia mobilizado especialistas para a apuração dos motivos. A comissão optou por fazer uma espécie de “raio-x” do programa espacial brasileiro, especialmente para levantar informações sobre a maneira como ele vem sendo conduzido pelos Ministérios da Defesa e Ciência e Tecnologia.

A deputada vai apresentar à Comissão proposta de instalar um Grupo de Trabalho na Câmara para fazer o acompanhamento permanente do programa espacial.

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