Alcântara prepara-se para lançar 1º foguete brasileiro

O projeto é coordenado pelo major-brigadeiro Tiago Ribeiro.

Reuters

Atualizada em 27/03/2022 às 15h16

ALCÂNTARA - O Brasil está prestes a se tornar o primeiro país da América Latina a enviar um foguete de fabricação própria para o espaço a partir de uma base construída perto da linha do Equador.

A base de lançamento de Alcântara, no Maranhão, e seus cerca de 800 cientistas e militares correm contra o relógio para concluir a montagem do foguete de 20 metros de altura.

"Até o dia 25 (de agosto), estaremos prontos para dar início à sequência de lançamento", disse o major-brigadeiro Tiago da Silva Ribeiro, coordenador geral do projeto. "Até agora, não tivemos nenhum imprevisto."

A data exata para o lançamento ainda não foi marcada.

O governo da ditadura militar planejou, originalmente, levar o país à corrida espacial nos anos 1970. O primeiro passo foi a desapropriação de um terreno de 62 mil hectares nas proximidades da cidade de Alcântara, onde foram construídas as instalações de lançamento.

Até agora, no entanto, os cientistas e militares brasileiros não conseguiram realizar seu sonho, quase 25 anos e centenas de milhões de dólares depois. Em 1997 e em 1999, os foguetes lançados se destruíram pouco depois da decolagem devido a problemas técnicos.

Desta vez, porém, na base de Alcântara, há uma determinação renovada para garantir o sucesso da empreitada.

Ribeiro, que trabalha vestido com uniforme militar e dirigiu as tentativas de lançamento de 1997 e 1999, diz estar confiante no fato de os problemas anteriores terem sido resolvidos.

O major-brigadeiro não pretende convidar os repórteres para acompanhar o lançamento. "Não queremos distrações", afirmou.

VEÍCULO DE LANÇAMENTO DE SATÉLITE

Os funcionários do laboratório de Alcântara deram início à montagem do foguete (Veículo de Lançamento de Satélite, VLS) de 6,5 milhões de dólares no dia 1o. de julho, quando começaram a chegar os componentes enviados de São Paulo.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) montou dois pequenos satélites, que carregam equipamentos de posicionamento, um transmissor para comunicações e uma bateria.

Se tudo correr bem, os satélites, guardados juntos em um compartimento, serão lançados em uma órbita baixa da Terra (cerca de 750 quilômetros acima da superfície), menos de oito minutos depois do lançamento e quando o último estágio do foguete for descartado.

O sucesso do lançamento significaria uma grande vitória para o Brasil. Segundo autoridades, a base de Alcântara tem potencial para se tornar um dos maiores centros de lançamento de satélite do mundo.

A base é a mais próxima da linha do Equador já construída, o que permite aos foguetes levar menos combustível e cargas mais pesadas, já que se aproveitam das forças centrífugas do planeta.

Em julho, o governo brasileiro assinou um acordo com a Ucrânia, prevendo que Alcântara será a base de lançamento dos foguetes Cyclone.

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