Saúde

Nova vacina contra malária chega à fase final de testes

A malária mata uma criança a cada minuto, no mundo.

Imirante Imperatriz, com informações da BBC

Atualizada em 27/03/2022 às 11h43
Fotos ilustrativas
Fotos ilustrativas (Foto: Divulgação)

MUNDO - Novos testes de uma vacina contra a malária produziram resultados animadores e estão chegando à fase final, mas também produziram demonstrações de desapontamento com o grau de efetividade aquém do ideal. Nos experimentos, a droga RTS,S/AS01 ofereceu proteção parcial a um grupo de 16 mil crianças de sete países africanos. Mas não obteve bons resultados em bebês de até três meses de idade, afirmaram os autores do estudo na revista científica britânica The Lancet.

A malária mata mais de 500 mil crianças no mundo, o equivalente a uma a cada minuto. No Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o número de casos de malária tem diminuído, foram registrados em 2014, 178 mil casos, que levaram a 41 mortes.

Apesar do desempenho limitado, os cientistas dizem que a droga é a vacina em estágio clínico mais avançado disponível. Quase 9 mil crianças entre 5 e 17 meses de idade e 6,5 mil bebês entre 6 e 12 semanas receberam a vacina em sete países africanos (Burkina Faso, Gabão, Gana, Quênia, Malauí, Moçambique e Tanzânia) entre março de 2009 e janeiro de 2011. Elas foram acompanhadas até o início de 2014.

Segundo os dados publicados no Lancet, a droga protegeu um terço das crianças vacinadas no experimento. Após receber três doses da droga, os níveis de efetividade em crianças mais velhas chegaram a 46%. Mas os efeitos em bebês foram menos significativos, afirmaram os cientistas.

Pesquisadores buscam uma vacina contra a malária, transmitida pela picada do mosquito, há 20 anos. Atualmente não existe nenhuma vacina aprovada contra a doença. O autor do estudo, Brian Greenwood, da Escola de Higiente e Medicina Tropical de Londres, reconheceu que dificilmente os níveis de efetividade da vacina contra a malária se compararão aos da droga para prevenir o sarampo, que chegam a 97%.

O parasita da malária tem um ciclo de vida complexo e ao longo dos séculos aprendeu a resistir ao sistema imunológico humano. A agência europeia de medicina vai revisar os dados e, se for aprovada, a vacina poderia receber autorização para produção comercial. A Organização Mundial da Saúde pode recomentar seu uso em outubro.

Alguns cientistas receberam o resultado dos testes com reserva. Para o professor Adrian Hill, da Universidade de Oxford, a droga é um marco, mas deixa muitas questões em aberto. "Pelo fato de a vacina ter um efeito tão curto, o reforço é importante, mas não tem a mesma efetividade das primeiras doses", afirmou.

Ele completa dizendo que o mais preocupante é o indício de um repique na propensão a malária. Após 20 meses, as crianças vacinadas que não receberam o reforço tiveram um aumento no risco de contrair malária grave nos 27 meses seguintes, comparadas com as crianças não-vacinadas.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.