SÃO LUÍS - Com a redução da produção de ferro gusa em 50%, as guserias maranhenses já estão dando férias coletivas a seus empregados.
Segundo o diretor do Sindicato das Indústria de Ferro Gusa do Maranhão (Sifema), Cláudio Azevedo, disse que caso o impasse com o Ibama - que não estaria emitindo a Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) - não seja solucionado até o início de maio, entre 1.000 e 1.500 trabalhadores poderão ser demitidos
Inconformados com as medidas adotadas pelos donos de guserias em Açailândia, os funcionários protestaram nesta terça-feira, com faixas e cartazes em frente as empresas de Ferro Gusa. A categoria quer uma solução para o problema. Ela não concorda com a adoção de férias coletivas, pois a medida é um passo para demissões o que provocaria uma convulsão social no município.
O Sifema contabiliza ainda que a produção de ferro gusa para este ano, estimada em 1,5 milhão de toneladas, poderá não ultrapassar 800 mil toneladas. “Os prejuízos são muito grandes para o setor”, reclama Cláudio Azevedo, que já admite a possibilidade das guserias não honrarem seus compromissos com seus clientes internacionais.
A crise no setor guseiro do estado, de acordo com o Sifema, teve início a partir do dia 1º de abril, quando o Ibama teria tomado a decisão de não emitir as ATPFs, medida que impede o transporte do carvão vegetal - principal insumo utilizado pelo setor - às usinas.
O atual estoque de carvão das sete guserias, de acordo com o sindicato, seria suficiente para apenas 30 dias de produção. O insumo é adquirido em 50% de carvoarias localizadas no estado do Pará e a outra metade em solo maranhense.
Nesta segunda-feira, Cláudio Azevedo afirmou que o setor de emissão de ATPF do Ibama estaria fechado e que as empresas só estão conseguindo garantir a emissão de ATPF através de liminares judiciais, a exemplo da Cosima e Simasa.
Defesa
Em nota publicada pela Assessoria de Comunicação do Ibama, a gerente do órgão no Maranhão, Marluze Pastore, afirmou que o setor de emissão de ATPF está funcionando normalmente. “O Ibama continua emitindo ATPFs. Quem está com pendência, como é o caso de algumas guserias, não pode receber o documento”, esclareceu.
Marluze Pastore informou que, dentre as pendências das guserias, identificadas pelo Ibama, estão autos de infração, falta de cadastro federal e não reposição florestal. Ela garantiu que o órgão está tentando firmar um Termo de Ajustamento de Conduta com as usinas de ferro gusa, para que estas se comprometam, em determinado período de tempo, a se tornar auto-suficientes em carvão vegetal e não tirar o insumo da mata nativa.
“Não queremos fechar nenhuma empresa ou postos de trabalho. Queremos, sim, que essas empresas tenham sustentabilidade econômica e ambiental. E essa é a nossa atribuição”, finalizou Marluze Pastore.
Reivindicações
Que sejam analisados e liberados os pedidos de novas licenças de projetos já apresentados, assim como a renovação das licenças de projetos já existentes com a liberação das mais de 4.000 ATPFs retidas no Ibama.
A adoção, por parte dos governos estadual e federal, de uma política realista de reflorestamento que realmente incentive o setor produtivo a investir no reflorestamento e recuperação das áreas degradadas.
Implantação imediata, por parte do Governo do Estado, de uma secretaria específica para cuidar do meio ambiente e recursos florestais, como ocorre, por exemplo, em Minas Gerais, onde o Instituto Estadual de Florestas é o órgão regulador das questões.
Organizar uma comissão formada por membros do Ibama, Governo do Estado (secretaria específica do meio ambiente), Sindicato das Indústrias de Carvão, Sindicato dos Trabalhadores, Ministério do Trabalho e Emprego, Instituto do Carvão Cidadão e outros, para que visitem áreas de produção, levantem problemas e apresentem soluções para o setor.
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