IMPERATRIZ - Lideranças do Judiciário, da Ordem dos Advogados do Brasil, e da sociedade civil organizada exigiram, ontem, do governador José Reinaldo Tavares uma atitude responsável a despeito da precária estrutura policial na Região Tocantina.
Não bastasse o próprio secretário Raimundo Cutrim, da Segurança Pública do Estado, dias antes, ter pessoalmente ouvido o que já sabia sobre a razão da onda de violência que assola Imperatriz, o próprio chefe do Executivo, calado, testemunhou a indignação de juízes e advogados pela falta de investimentos no setor de segurança. Zé Reinaldo, ao final, deixou Imperatriz a espera de que ele cumpra promessas de melhorias.
Foi uma tarde inteira de protestos pelas ruas de Imperatriz. Cidadãos e representantes de 22 entidades civis integrantes do “Movimento Imperatriz, Segurança e Vida”, entregaram ao governador do Estado um documento solicitando providências urgentes para conter a violência na região.
A gota d’água foi o recente assassinato do advogado Valdecy Ferreira da Rocha, morto a tiros ao sair do seu escritório, em plena luz do dia. O governador ouviu as críticas da sociedade na sede da Associação Médica de Imperatriz.
“Não há uma câmera fotográfica, senhor governador, para fotografar um cadáver. No dia que o advogado Valdecy foi morto não tinha sequer uma fita plástica para isolar o local. Isso é coisa simples, custa menos de R$ 5,00 ou R$ 7,00 senhor governador”, bradou o juiz José Brígido Lages, diretor do Fórum de Imperatriz.
Frente a frente com José Reinaldo, o juiz gesticulava intensamente, por vezes empunhando o dedo em riste à fronte de José Reinaldo que, diante, da imprensa, quase nenhuma emoção esboçava. Mudo, ouviu todas as críticas do magistrado.
“Outra coisa que a sociedade de Imperatriz repugna veementemente é essa prática de embromação que é a designação de delegados especiais para cada crime de homicídio de repercussão. Foi assim no caso Kennedy, aparententado da deputada Terezinha Fernandes (PT). Quando ele foi vítima de crime de pistolagem veio um delegado especial. Enquanto a sociedade se manifestava sobre o caso, o delegado estava aqui. Depois, o delegado foi embora e o crime ficou insolúvel. Ninguém sabe de nada do que aconteceu. A OAB não pode suportar essa impunidade que é objetivo, me parece, da política de segurança pública do secretário Raimundo Cutrim”, desabafou Agenor Dourado, presidente da subsecção da OAB em Imperatriz.
Críticas
O governador José Reinaldo, depois de ouvir as duras críticas que lhe foram feitas, esboçou um sorriso de simpatia e tentou explicar-se, cercado pelas câmeras de televisão e jornalistas, prometendo atender parte das necessidades da sociedade local, cuja pauta abrange 11 itens no total.
“Nós vamos fazer uma reunião, dentro de pouco tempo, vamos tomar medidas e eu vou expor como poderemos atender a maior parte das reivindicações”, disse, esquivando-se de mais detalhes.
Para ouvir muito e prometer pouco em Imperatriz, o governador José Reinaldo cercou-se dos deputados federais Sebastião Madeira (PSDB), Teresinha Fernandes (PT), João Castelo (PSDB) e Wagner Lago (PDT); os secretários de governo Carlos Amorim (Minas e Energia), Lula Almeida (Desenvolvimento Social), Ney Bello (Infra-Estrutura), o coronel Ventura (Representação do Governo), engenheiro Eduardo Braide, presidente da Caema, e o prefeito de Porto Franco, Deoclides Macedo.
Na versão oficial, divulgada pelo Palácio dos Leões, José Reinaldo fora a Imperatriz para uma solenidade de lançamento de obras de infra-estrutura e garantir medidas para aumentar a segurança da cidade.
Novamente prometeu construir um Instituto Médico Legal e um Instituto de Criminalística, cuja instalação especula-se desde o início do ano. Também prometeu aumentar o número de delegados, efetivo policial e de viaturas.
“José Reinaldo afirmou que vai estudar, caso a caso, com o maior cuidado possível”, arremata o texto palaciano.
Enquanto isso, em São Luís, o secretário de Segurança, Raimundo Cutrim, prestava uma declaração à imprensa onde denotou pouco esclarecimento sobre os problemas encontrados em Imperatriz e ainda tentou desviar o foco da questão culpando o Judiciário local pela morosidade dos processos criminais.
“Esse movimento, eles não estão preocupados com a segurança de Imperatriz. Eles estão preocupados em ter policiais militares dentro do Fórum de maneira ilegal. Se fizermos um levantamento em Imperatriz, quase 90% dos processos estão sob excesso de prazo. Isso aí cada um cuida da sua parte”, respondeu.
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