Codó

Polícia abre inquérito para descobrir origem de carga ilegal

Acélio Trindade, Imirante.

Atualizada em 27/03/2022 às 13h17

CODÓ - Foi apreendido numa barreira da Polícia Militar, no posto do Km 17 (MA-026), na manhã de terça-feira, 26, um caminhão-baú, segundo a polícia, de propriedade do Grupo Figueiredo (caminhão estava descaracterizado, sem logomarca).

Imagens feitas pelo cinegrafista da Núcleo Produções, Jota Barros, mostram a ex-primeira-dama de Codó, Eliane Figueiredo, e seu filho, o deputado estadual, Camilo Figueiredo, atual vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado, no local, na hora da barreira policial. A imagem mostra que, pelo menos o carro de Eliane, estava logo atrás do baú.

Relatos policiais dão conta de que o deputado teria tentado liberar o caminhão, alegando que iria para uma pescaria (Camilo aparece de bermuda). Quando os policiais insistiram em abrir o baú, já na ausência do motorista que se evadiu, ele teria dito que a chave tinha sido perdida. Segundo o major Jairo Xavier, comandante da PM, os policiais resolveram então apreender o caminhão que passou a ser suspeito.

Suborno

O comandante não citou nomes, mas confirmou uma tentativa de suborno naquele momento.“Inclusive com uma tentativa, uma sugestão de suborno para que facilitasse a passagem e fazendo oferta de uma vantagem que não foi definida, isso aí será objeto de apuração do inquérito pelo delegado regional”, disse o major.

O caminhão foi levado para o posto de fiscalização da Receita Estadual (KM 17/ BR-316). Foi aberto e tamanha foi a surpresa dos policiais e dos fiscais. Dentro existiam 54 carteiras escolares. A nota fiscal apresentada era fria. Foi emitida por uma empresa de venda de móveis e eletrodomésticos codoense, que, pelo levantamento feito pela Receita Estadual, está inativa desde 26 de julho de 2006, ou seja, ela não poderia emitir a nota que data de 15 de janeiro de 2009.

Validade Vencida

Também foram encontrados material hospitalar, merenda escolar semipronta (tipo instantâneo) e muitos medicamentos. Alguns perderam a validade em setembro do ano passado. Depois que a polícia civil e até o Ministério Público entraram no caso, uma mulher, identificada apenas como Flora, que se negou a falar com a imprensa, apareceu dizendo-se representante do Programa Fundação Projeto Comunitário Alimentar.

Seria da Fundação a carga, segundo ela, que apresentou uma lista de medicamentos no valor de R$ 21.907,50. Disse à polícia que o medicamento chegou a Codó, para a Fundação, por meio de um convênio firmado ano passado com o governo do Estado, via Secretaria Estadual de Saúde. Mas logo o delegado regional, Eduardo Galvão, derrubou o argumento da mulher. A lista nada tinha a ver com o que fora apreendido.

“A documentação apresentada não corresponde aos lotes encontrados, então a prioridade inicial é descobrir a origem desses medicamentos, se realmente eram da fundação, se eram do município”, afirmou Galvão.

A representante da fundação também não soube explicar porque a mercadoria de Codó estava sendo levada para um depósito de Peritoró.“E o principal, ela transportava mercadoria sem nota quando precisava, ela tinha que ter tirado a nota fisca”, concluiu o delegado.

Do Município

O procurador-geral do município, advogado Ricardo Torres, afirma que existem fortes indícios de que a mercadoria tenha sido comprada com verba pública no governo “Codó Para Todos”, quando o patriarca da família, Biné Figueiredo, era prefeito. De acordo com o procurador, existem lotes encontrados pela atual administração que condizem com lotes do medicamento apreendido.

“Nós temos também os lotes desses medicamentos que conferem com os lotes que foram encontrados pela administração atual quando recebeu o almoxarifado central, ali na Cibrazem, então, são todos os dados que levam a crer que este material todo pertence ao município de Codó”, ressaltou o procurador.

Ministério Público

O promotor de Justiça, Gilberto Câmara, disse que vai aguardar o fim do inquérito para ver o posicionamento do Ministério Público.

“Nós estamos acompanhando neste momento a realização do trabalho da polícia que vai apreender esta mercadoria, vai instaurar o inquérito policial para averiguar a origem dessa mercadoria, seu destino e se este transporte desta mercadoria está dentro da legalidade. Caso contrário, as pessoas responsáveis por esta mercadoria irão responder ação penal de acordo com o tipo que for encontrado na investigação”, frisou Gilberto Câmara

Na opinião das autoridades presentes no decorrer da apreensão, a carga pode valer entre R$ 350.000,00 à R$ 450.000,00. Ninguém foi preso.

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