BURITICUPU - Um deslizamento de terra foi registrado próximo a uma voçoroca, na noite dessa terça-feira (9), em uma rua do bairro Vila Isaías, em Buriticupu, cidade a 413 km de São Luís. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), uma residência que não era habitada foi engolida pela erosão, e não houve vítimas.
O deslizamento aconteceu por volta das 8h45 da noite, nas proximidades da rua Independência. Em uma ação rápida, conjunta e imediata do Corpo de Bombeiros Estadual e Defesa Civil de Buriticupu, foi realizada com sucesso as primeiras medidas de ação, como evacuação de pessoas próximas e reforço no isolamento da área.
"A gente reforça que sejam atendidas as recomendações de evacuação dos agentes de Defesa Civil municipal e do Corpo de Bombeiros para aqueles locais que foram identificados como locais de perigo iminente. Graças a Deus, o local ele se encontra sem vítimas, está isolado, e a gente pede que as pessoas não venham ao local e não adentrem o local que foi isolado, para prevenir outros acidentes", diz o tenente-coronel Júnior, do CBMMA.
A prefeitura de Buriticupu disse que segue empenhada em resolver o problema do avanço do processo erosivo na cidade e que continua unindo forças com todos os entes federativos para agilizar, de forma mais rápida possível, a retirada de todas as famílias dessas áreas afetadas.
Voçorocas em Buriticupu
Buriticupu tem uma das maiores concentrações de voçorocas do país. Ao todo, 26 crateras avançam pela cidade há pelo menos 30 anos. Casas já foram 'engolidas' pelos abismos, e bairros inteiros estão ameaçados.
Em dez anos, cinco pessoas já morreram ao cair em voçorocas, no município de Buriticupu, cidade a 395 km de São Luís. No dia 1º de maio, um policial militar aposentado caiu em uma das crateras enquanto manobrava a própria caminhonete, mas foi resgatado com vida.
José Ribamar Silveira, de 71 anos, manobrava a caminhonete em uma área sem sinalização quando não viu a beirada do abismo e caiu de uma altura de aproximadamente 80 metros.
Voçorocas
Voçoroca é o nome científico do fenômeno erosivo que atinge o lençol freático. De acordo com Marcelino Silva Farias, professor do departamento de Geociência da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutorando em ciência do solo, a universidade alertou as autoridades, por meio da publicação de artigos em revistas, sobre o problema. Para o pesquisador, faltou planejamento no modelo de urbanização e ação para combater o avanço das crateras em Buriticupu.
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"Poderia ter sido feito, antes que eles surgissem, deveria ter tido um planejamento adequado para a cidade. E posteriormente um planejamento adequado para a cidade. Surgiu um problema, vamos conter", disse o professor.
Marcelino Silva, que acompanha a situação desde 2012, afirma que as chuvas concentradas, o relevo da área e a presença do ser humano, são alguns dos fatores que contribuem para a aceleração do fenômeno.
"O relevo, o solo, os vale que estão sendo formados, as chuvas concentradas que estão sendo formadas, que condicionam esses processos naturalmente. Só que esses processos são acelerados pela presença do ser humano, aí entra a questão do planejamento urbano ou a falta dele, entra também as cidades construídas em locais inadequados, entra também o sistema de pavimentação sem esgotamento sem escoamento adequado", explica.
Estado de calamidade pública
Em março, a Defesa Civil Nacional esteve em Buriticupu avaliando a situação. Na época, foi decretado estado de calamidade pública. O Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional se comprometeu em ajudar a resolver o problema.
Voçorocas em outras cidades do Maranhão
O fenômeno das voçorocas também atinge outras cidades do Maranhão, como é o caso de Bom Jesus das Selvas, a 465 km de São Luís, onde muitas casas desabaram com as erosões e outras foram abandonadas pelos moradores.
Cerca de 200 famílias que residem próximo às crateras, vivem com medo de perder tudo.
"É um buraco mais horrível do mundo. Já caiu duas barreiras ou três para o lado de cá, mas para o lado de cá não. E eu estou pensando que vai cair viu? E a terra é toda mole", desabafa Elsa Lima, lavradora.
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