Voçorocas

População de Buriticupu vive em alerta e teme extinção por conta de crateras gigantes

Voçorocas invadem a cidade há três décadas, e situação piora no período chuvoso.

Imirante.com

Atualizada em 28/03/2023 às 23h59
Crateras gigantes assustam a população de Buriticupu.
Crateras gigantes assustam a população de Buriticupu. (Reprodução / TV Mirante)

BURITICUPU - Há mais de 30 anos, a população do município de Buriticupu, a 417 km de São Luís, vive em alerta por causa dos riscos causados pelas voçorocas, enormes crateras que invadem parte da cidade e voltaram a ser registradas após fortes chuvas nos últimos dias. São 26 buracos gigantes que avançam sobre casas e ruas, para imensa preocupação dos moradores.

De acordo com especialistas, as crateras são pequenos fenômenos geológicos que surgem como fendas no solo, geralmente provocadas pela água da chuva. Se nenhuma contenção for feita, a cratera pode se tornar um voçoroca quando atinge um lençol freático, como aconteceu em Buriticupu. O desmatamento, o relevo, o solo arenoso e a ocupação desordenada são os principais fatores para o avanço das voçorocas no município.

Em entrevista à TV Mirante, o zelador Carlos Cardoso, que mora a cinco metros das crateras, lamentou a situação. "Quando chove aqui, rapaz, é perigoso demais. É perigoso que ninguém dorme aqui, a noite todinha acordado só escutando o barranco desabar, tem vez que eu levanto para olhar, se não está quebrando realmente mais para cá, é obrigado a gente sair correndo", diz.

"É uma cidade boa, uma cidade linda, mas desse jeito ai, daqui uns tempos está correndo até um risco de extinção. Aqui não está mais no sinal amarelo e sim no vermelho", afirma Carlos Martins, comerciante e morador de Buriticupu.

Moradores de Buriticupu afirmam que só uma voçoroca engoliu três ruas e mais de 50 casas na cidade. Uma parte da Vila Santos Dumont desapareceu, e as casas que ainda não desabaram foram abandonadas por causa da proximidade dos barrancos. O serralheiro João Otávio Farias afirma que a família perdeu 14 casas de aluguel com o crescimento das crateras.

"Em 2001, meu pai comprou esse terreno, construiu a casa de moradia dele, o local de trabalho dele que era uma marcenaria, ele mexia com madeira e no decorrer do trabalho dele, ele foi comprando um terreno aqui, construindo uma casinha ali e fazer como se fosse aposentadoria dele. Essas casas aqui eram todas alugadas. Chegou um ponto que ninguém alugaria mais por conta do perigo", diz João Otávio.

Nos últimos anos, 27 famílias foram retiradas por suas casas estarem em áreas de risco, e uma decisão judicial obriga a Prefeitura de Buriticupu a garantir moradia segura, além de desenvolver ações para conter o avanço das voçorocas. Atualmente, cerca de 180 famílias correm o risco de perder suas moradias no município e cobram uma solução do poder público.

"Essa decisão determina o deslocamento, realocação dessas famílias dessas que vivem em áreas de risco próximas as voçorocas e determina providências para diminuir o risco de novos desabamentos", ressalta Felipe Dammos, juiz da Comarca de Buriticupu.

O assessor-jurídico de Buriticupu, Gustavo Costa, por sua vez, alega que a situação das voçorocas fugiu do controle do município. "É um problema gravíssimo. A prefeitura realiza paliativos, hoje em virtude da decisão judicial, o que a gente faz é catalogar as áreas de risco, monitoramento, realoca as pessoas e faz obras paliativas dentro das suas possibilidades", diz.

Situação de emergência

Devido às fortes chuvas e ao aumento das voçorocas, o município de Buriticupu decretou situação de calamidade pública. "A intervenção ela tem que ser tanto emergencial quanto preventiva. Caso contrário, nós teremos esse processo aumentando cada vez mais e provocando maiores danos às famílias que ali residem", afirmou o coronel Célio Roberto, comandante do Corpo de Bombeiros do Maranhão.

O Governo do Maranhão, em nota, disse que a cidade de Buriticupu está incluída no decreto de situação de emergência estadual e aguarda reconhecimento do Governo Federal. O Estado informou que foram solicitados recursos federais imediatos de ações de ajuda humanitária e posteriormente, para ações de estabelecimento.

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