BRASÍLIA – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de indicá-lo como pré-candidato à Presidência da República foi “muito consciente” e construída ao longo do tempo. Em entrevista à TV Record, o parlamentar negou que sua candidatura seja apenas experimental e declarou que só deixará a disputa caso haja “justiça” para o pai.
“Não tem balão de ensaio. Não tiro meu nome a não ser na condição de justiça com o Bolsonaro e com milhões de brasileiros que estão sofrendo”, disse.
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“Eu segurei esse tempo todo a indicação. Pedia para que ele tivesse convicção do que estava fazendo. Ele disse que tinha. Meu trabalho foi conversar com o máximo de pessoas possível antes de isso se tornar público”.
Nos últimos dias, aliados bolsonaristas passaram a defender nas redes sociais que a pré-candidatura de Flávio pode integrar uma estratégia para viabilizar um acordo político em torno da anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado. A articulação envolveria o Centrão e uma eventual união da direita em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado o nome mais competitivo para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deve tentar a reeleição.
Na entrevista, Flávio afirmou que seu nome é “altamente competitivo” e desqualificou levantamentos feitos antes da confirmação da sua pré-candidatura. Ele também destacou o papel de Tarcísio no cenário nacional.
“São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil, uma potência em PIB e geração de empregos. O orçamento do estado só fica atrás do orçamento da União. E o Tarcísio é um craque. É o camisa 10 desse time”, afirmou.
O senador minimizou o silêncio do governador paulista sobre sua pré-candidatura e disse respeitar a prioridade de Tarcísio pela reeleição em São Paulo.
“Não vou ficar cobrando que ele se manifeste, porque ele já deixou claro várias vezes que o objetivo dele é disputar a reeleição no governo do estado”, ressaltou.
Primeiro ato público de Flávio Bolsonaro
Em seu primeiro compromisso público após o anúncio da pré-candidatura, Flávio participou de um culto em Brasília e admitiu que pode não levar o projeto até o fim. O senador afirmou que existe um “preço” para desistir da disputa.
“Existe a possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho um preço para isso. Vou negociar”, declarou.
Segundo o parlamentar, esse “preço” seria a aprovação da anistia aos condenados pela tentativa de golpe, o que beneficiaria diretamente Jair Bolsonaro, que está preso em Brasília após ser condenado a 27 anos e três meses de prisão.
Ao ser questionado se a anistia seria determinante para sua desistência, Flávio respondeu:
“Está quente, está perto. Esse preço eu ainda vou ficar pensando. Hoje vamos debater isso na imprensa”.
Ele disse ainda esperar que o projeto seja pautado nesta semana pelos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Pesquisa e articulação com o Centrão
Pesquisa Datafolha divulgada no último sábado apontou que apenas 8% dos eleitores consideram Flávio Bolsonaro o nome que Jair Bolsonaro deveria apoiar na disputa presidencial de 2026. A preferência dos entrevistados permanece concentrada na ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, citada por 22%, e no governador Tarcísio de Freitas, lembrado por 20%.
O senador informou que deve se reunir, na próxima segunda-feira, com dirigentes de partidos do Centrão para tratar da sua pré-candidatura. Ele citou encontros com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto; o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI); o presidente do União Brasil, Antonio Rueda; o presidente do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP); e o líder do PL no Senado, Rogério Marinho (RN).
Na terça-feira, Flávio afirmou que pretende visitar novamente o ex-presidente para relatar o resultado das articulações.
“Neste primeiro momento, vamos conversar, sem compromisso de absolutamente nada, para que todos possamos trocar impressões”, pontuou.
Elogios a Tarcísio
Flávio voltou a destacar Tarcísio como o principal nome do grupo político no momento.
“A primeira pessoa que eu quis conversar foi o Tarcísio. A reação dele foi muito boa, de peito aberto. Hoje, ele é o principal nome do nosso time”, afirmou.
Segundo o senador, a decisão de lançar sua pré-candidatura foi tomada após conversas com Jair Bolsonaro e confirmada depois de uma reunião familiar realizada na última semana. Agora, segundo ele, o foco passa a ser a ampliação de alianças e a definição do projeto de governo.
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