Viagem presidencial

Lula critica guerra em Gaza e defende multilateralismo na Malásia

Mandatário brasileiro aponta desigualdades globais e pede reforma de organismos internacionais.

Ipolítica, com informações da Agência Brasil

Lula recebeu título de doutor "honoris causa" na Malásia
Lula recebeu título de doutor "honoris causa" na Malásia (Ricardo Stuckert/PR)

KUALA LUMPUR, MALÁSIA – O presidente Lula criticou neste sábado (25) a continuidade da guerra em Gaza e a resistência internacional em criar um Estado palestino. As declarações foram dadas durante a cerimônia de recebimento do título de doutor honoris causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya, capital administrativa do país.

"As comunidades universitárias em todo o mundo têm elevado suas vozes contra a brutalidade do genocídio em Gaza e contra a inércia moral que impede até hoje que o Estado Palestino seja criado. Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade", disse o presidente Lula.

Críticas ao protecionismo e às tarifas internacionais

O presidente também afirmou que aumento de tarifas no comércio não pode ser usado como mecanismo de coerção internacional.

Nações que não se dobram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis", declarou, sem mencionar diretamente os Estados Unidos, que elevaram em 50% as tarifas de importação sobre produtos brasileiros no início de agosto.

Defesa do multilateralismo e do Sul Global

Ao tratar de reformas internacionais, Lula destacou a importância do Sul Global – conjunto de países da América Latina, Ásia e África com histórico de desigualdades – na promoção da justiça global.

"A defesa de uma ordem baseada no diálogo, na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas, que sem maior representatividade o Conselho de Segurança seguirá inoperante e incapaz de responder aos desafios do nosso tempo", disse.

O presidente também criticou a desigualdade de poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) e apontou que a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) prejudica as economias emergentes.

Desigualdade econômica e modelo neoliberal

Segundo Lula, a estrutura financeira mundial deve ser orientada para o desenvolvimento sustentável das nações emergentes.

"Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda desigualdades: 3 mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015. Esta cifra supera o PIB nominal atual da ASEAN e do Brasil somados", afirmou.

Agenda na Malásia e encontro com Trump

O presidente Lula permanecerá na Malásia até terça-feira (28), participando de encontros com empresários da Malásia e da Asean – bloco de países do Sudeste Asiático.

Neste domingo (26), está prevista uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para buscar soluções sobre as tarifas aplicadas aos produtos brasileiros importados pelos norte-americanos.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.