Direitos Humanos

Número de lares com insegurança alimentar grave cai 19,9% no Brasil

Em um ano, 624 mil famílias deixaram de passar fome, mostra IBGE

Bruno de Freitas Moura / Agência Brasil

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgou dados sobre segurança alimentar no Brasil.
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgou dados sobre segurança alimentar no Brasil. (Agência Brasil)

BRASÍLIA - O número de domicílios que enfrentaram insegurança alimentar grave no Brasil diminuiu 19,9% no intervalo de um ano. 

Em 2023, 3,1 milhões de lares estavam nesta situação, quantidade que caiu a 2,5 milhões em 2024.

Esses dados mostram que o percentual de famílias em que houve percepção de insegurança alimentar grave passou de 4,1% para 3,2% dos domicílios.

As informações fazem parte da edição especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua sobre segurança alimentar, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ministro afirma que Brasil voltou ao menor patamar de fome da história

Em nota, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, comemorou os dados, afirmando que o Brasil igualou o recorde histórico registrado em 2013, voltando ao menor patamar de fome da história. 

“Em 2025, o Brasil celebra duas conquistas históricas: a saída do Mapa da Fome e a redução da insegurança alimentar grave ao menor nível da série histórica do IBGE”, afirmou. “Levamos dois anos para reconquistar uma marca que, no passado, levou dez anos (2003-2013) de construção de políticas públicas para ser alcançada”, completou.

Os pesquisadores visitaram famílias em todas as partes do país e perguntaram sobre a percepção dos moradores em relação à insegurança alimentar nos três meses anteriores à entrevista.

Escala Brasileira de Insegurança Alimentar

Para classificar os domicílios, o IBGE seguiu a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que determina quatro graus:

  • segurança alimentar: acesso suficiente à comida, sem precisar comprometer outras necessidades
  • insegurança alimentar leve: preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos
  • insegurança alimentar moderada: redução ou falta da quantidade de comida entre adultos
  • insegurança alimentar grave: redução ou falta também entre crianças. A fome passa a ser uma experiência vivida no lar.

Insegurança alimentar em queda no Brasil

A pesquisa mostra que o percentual de domicílios brasileiros em situação de segurança alimentar subiu de 72,4% em 2023 para 75,8% em 2024.

No ano passado, 59,4 milhões de lares tinham comida garantida sem necessidade de sacrifícios.

Já a insegurança alimentar como um todo (leve, moderada e grave) caiu de 27,6% para 24,2% no mesmo período, chegando a 18,9 milhões de endereços. Nestes lares, moram 54,7 milhões de pessoas.

No entanto, a pesquisadora do IBGE Maria Lucia França Pontes Vieira faz a ressalva que nem todos os moradores, necessariamente, estão na condição de insegurança alimentar.

“Pode ser que uma pessoa tenha deixado de comer para outra pessoa comer, mas a outra não percebeu isso. Então, a gente está falando sobre a percepção de um morador”, diz.

Mais de 2 milhões de lares superaram a insegurança alimentar

Em um ano, 2,2 milhões de lares deixaram a condição de insegurança alimentar. Todas as situações apresentaram redução de 2023 para 2024:

  • leve: de 18,2% para 16,4% dos lares
  • moderada: de 5,3% para 4,5%
  • grave: de 4,1% para 3,2%

Em 2023, o país tinha cerca de 76,7 milhões de domicílios. Em 2024, a quantidade se aproximou de 78,3 milhões.

Trabalho e renda contribuem para queda da insegurança alimentar

A pesquisadora Maria Lucia Vieira destaca o papel do mercado de trabalho e de ações do governo, como programas sociais, para a queda da insegurança alimentar.

“Para adquirir alimentos, vai ser através de renda. Essa renda ou vem do trabalho ou de programas [assistenciais]”, diz.

Ela observa que a pesquisa não consegue precisar o quanto da melhora se deu pelo mercado de trabalho ou por programas como o Bolsa Família.

“O quanto de impacto que foi de mercado de trabalho ou dos programas sociais, isso não consigo responder, mas, algum impacto [os programas assistenciais] certamente têm”.

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