BRASIL - O União Brasil decidiu nesta quarta-feira (8) afastar preliminarmente o ministro do Turismo, Celso Sabino, das funções que exercia na direção nacional do partido. A medida foi tomada durante uma reunião da executiva nacional e será mantida até a conclusão de um processo interno, que pode resultar na expulsão definitiva do ministro da legenda.
De acordo com o estatuto do partido, o Conselho de Ética terá 60 dias para se manifestar sobre o caso.
Decisão retira Sabino da executiva e do diretório nacional
Com o afastamento, Celso Sabino deixa de participar das decisões internas do União Brasil, incluindo a executiva e o diretório nacional. Apenas o próprio ministro votou contra a medida.
O processo contra ele foi aberto em 30 de setembro, sob a acusação de descumprir orientações partidárias, entre elas o ultimato da legenda para que todos os filiados entregassem cargos no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até 19 de setembro.
Apesar de ter anunciado publicamente que pediria demissão, Sabino permaneceu no cargo, contrariando a decisão do partido.
União Brasil intervém no diretório do Pará
Além do afastamento de Sabino da direção nacional, o União Brasil decidiu intervir no diretório estadual do Pará, que era comandado pelo ministro.
A direção nacional nomeará uma comissão provisória interventiva para administrar a legenda no estado.
Em nota oficial, o partido confirmou as decisões e afirmou que o caso foi encaminhado ao Conselho de Ética.
“A Executiva também decidiu pela suspensão cautelar do ministro Celso Sabino de suas atividades partidárias. Conforme o estatuto, o Conselho de Ética terá 60 dias para se manifestar quanto ao mérito das representações”, diz o texto.
O comunicado reforça que o partido “atua com responsabilidade para preservar a coerência com seus princípios e valores” e reafirma o “compromisso com a transparência e a vontade dos filiados”.
Crise com o Planalto e resistência de Sabino
Em rota de colisão com o Palácio do Planalto, o União Brasil determinou que seus filiados deixassem cargos na gestão federal, sob pena de serem enquadrados por infidelidade partidária.
Mesmo assim, Celso Sabino manteve-se no Ministério do Turismo, participando inclusive de eventos com o presidente Lula em Belém (PA).
Em um dos compromissos, o ministro declarou publicamente apoio ao presidente.
“Pelo bem do turismo e do povo do Pará, especialmente com a realização da COP30, vou permanecer no governo”, afirmou Sabino.
Ele também destacou que conta com a confiança de Lula e pretende continuar à frente do ministério até abril de 2026, prazo de desincompatibilização para quem deseja disputar as eleições.
“Tenho confiança do presidente Lula e apoio da maior parte da bancada. Pretendo continuar o trabalho que venho desenvolvendo no Ministério do Turismo”, disse.
Reação do ministro e críticas ao partido
Após a decisão da executiva, Sabino criticou o União Brasil, afirmando que a legenda “tem tomado decisões equivocadas”.
“O partido, no meu entendimento, tem tomado decisões açodadas. Vamos continuar o diálogo, com o processo seguindo para o Conselho de Ética, para tentar sensibilizar os membros de que o momento eleitoral tem que ser deixado para o prazo eleitoral”, afirmou.
O ministro ainda ironizou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, vice-presidente do partido e um dos críticos de sua postura.
“Quando ele atingir 1,5% nas pesquisas, eu respondo ele”, declarou, em tom de provocação.
Sabino mira o Senado em 2026
Mesmo com o conflito partidário, Celso Sabino segue no governo federal e já planeja disputar uma vaga ao Senado pelo Pará nas eleições de 2026.
A aposta do ministro é que o apoio do presidente Lula e sua atuação na realização da COP30 em Belém fortaleçam sua imagem política no estado.
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