BRASÍLIA - Em palestra realizada na última sexta-feira (13) na sede do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), em Belo Horizonte, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, admitiu já ter feito duras críticas ao sistema das urnas eletrônicas utilizadas no Brasil. Apesar disso, ele tentou amenizar o fato, com o argumento de que as críticas ficaram no passado, num contexto já superado.
“São questões de mais de 15 anos atrás, relacionadas à tecnologia da época, antes da implementação da biometria e de outros mecanismos de segurança e auditabilidade”, explicou o ministro.
O posicionamento de Dino ocorre depois do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, ter citado as críticas do ex-governador do Maranhão às urnas eletrônicas em 2010, ocasião em que ele perdeu eleição no Maranhão para a ex-governadora Roseana Sarney.
Bolsonaro pediu para reproduzir vídeo de Flávio Dino, mas o ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pedido. Ele foi autorizado, contudo, a ler o conteúdo e apresentar a íntegra do que disse o maranhense na ocasião.
Leia também: Derrubada de vetos e decretos marcam semana encurtada no Congresso
O fato provocou constrangimento a Flávio Dino, que se viu obrigado a tratar publicamente do tema.
Ao ser questionado sobre uma possível mudança de opinião, Dino destacou que não se trata de opinião, mas de avanços no sistema. “As urnas é que evoluíram”, afirmou, enfatizando as melhorias tecnológicas implementadas desde então.
Apesar de constrangido, Flávio Dino defendeu o direito de Bolsonaro de usar esses argumentos em sua defesa. “Todo acusado tem o direito de se manifestar livremente em seu favor, e isso nunca foi restringido”, afirmou.
As críticas de Dino à época baseavam-se em vulnerabilidades apontadas pelo especialista em criptografia e segurança Diego Aranha, que participou de testes de segurança das urnas em 2012, organizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Aranha, que na ocasião apresentou falhas no sistema, atualmente reconhece que as vulnerabilidades foram corrigidas e considera o sistema eleitoral confiável.
Sem mencionar diretamente Bolsonaro, Dino criticou a narrativa de que haveria uma “sala escura” no TSE para manipulação de votos, classificando-a como “mentira”. Ele usou o exemplo para defender a regulamentação das redes sociais, tema em debate no STF. “Não existe manipulação de código-fonte ou fraudes eleitorais reiteradas. Afirmar isso não é opinião, é desinformação. A liberdade exige responsabilidade”, concluiu o ministro.
Saiba Mais
- Flávio Dino diz ter recebido mensagem com ameaças e ofensas
- Dino defende decisão da Primeira Turma do STF sobre Ramagem
- Dino dá 48 horas para líder do PL explicar acordo sobre emendas
- Dino dá 90 dias para que municípios prestem contas sobre emendas Pix
- Marco Civil da Internet precisa ser revisto, defende Dino
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.