BRASÍLIA - O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu nesta sexta-feira (21) irregularidades que levaram ao cancelamento do leilão do arroz. Segundo o petista, o que houve foi uma “falcatrua” numa empresa.
Ao admitir as irregularidades, o petista justificou a demissão do então secretário de Política Agrícola, Neri Geller, que conduziu parte do processo para a compra de arroz importado. Lula afirmou que o governo fará um novo leilão.
"Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. Depois, tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. O arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Não dá pra ser um preço exorbitante", disse Lula.
E completou: "Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo".
A declaração foi dada em entrevista à Rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí. A demissão de Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola, foi anunciada pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro na semana passada.
Na ocasião, Fávaro disse que o próprio secretário havia pedido demissão. À imprensa, Geller negou ter pedido a saída da pasta.
Um ex-assessor de Geller, que também é sócio do filho dele em uma empresa, foi um dos negociadores do leilão. Entidades agrícolas e membros da oposição apontaram um suposto favorecimento da corretora do ex-funcionário de Neri Geller na concorrência.
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Leilão anulado
Anulado por graves indícios de irregularidades, o leilão previa a importação de 263 mil toneladas de arroz. Foi detectada na ocasião a incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras do processo.
Em relação à capacidade técnica das vencedoras, o que se tem apontado é que três das quatro vencedoras não são do ramo de arroz ou de importação, o que, segundo analistas de mercado, poderia gerar problemas na operação.
Essas empresas receberiam recursos do governo para importar e entregariam o produto em unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Por outro lado, nenhuma companhia tradicional participou do leilão, segundo uma das bolsas que operou a negociação.
A Conab explicou que, no atual modelo de leilão, a estatal só fica sabendo quem são as empresas vencedoras após os resultados da operação. Isso porque quem intermedia as negociações são as bolsas de cereais.
O arroz seria vendido em pacotes de 5 quilos por um preço tabelado de R$ 20 e teria o rótulo do governo. Nos supermercados de SP, o pacote de 5 quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30.
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