BRASÍLIA - O extremista autor da facada que quase levou o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, a óbito, Adélio Bispo de Oliveira, aguarda o desfecho de uma batalha judicial a respeito de sua permanência na Penitenciária Federal de Campo Grande ou transferência para um hospital psiquiátrico.
Desde a sua prisão, ele permanece preso na unidade se segurança máximas, e em tese pode deixar o local para ficar internado em hospital psiquiátrico. Mas, para isso, precisará estar com os problemas de saúde mental controlados.
Ocorre que ele recusa remédios e está sem um tratamento apropriado para o transtorno delirante persistente, distúrbio que fez a Justiça considerá-lo inimputável (sem condição de responder por seus atos).
Neste contexto, segundo uma melhora parece improvável e a indefinição sobre o seu futuro aumenta. Os laudos psiquiátricos recentes sugerem um agravamento do estado de saúde mental de Adélio. Ele evita os banhos de sol, pouco fala com outros presos e não recebe visitas de familiares.
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A transferência para um hospital é um pleito da DPU (Defensoria Pública da União), que assumiu a defesa de Adélio e sua curadoria, isto é, a responsabilidade legal. A Justiça, no entanto, é firmemente contra, sob o argumento de que ele mantém a periculosidade e corre risco de vida fora do sistema federal.
O advogado Alfredo Marques, que passou a atender uma irmã do esfaqueador, lança um exagero retórico para definir o cenário. "O Estado condenou Adélio à prisão perpétua, o que a Constituição proíbe", afirma ela, que atua com a sócia Edna Teixeira de graça, pois a família não pode pagar pelos serviços.
Maria das Graças Ramos de Oliveira mora na cidade mineira de Montes Claros, terra natal da família. Ela até hoje tenta entender o que levou o irmão a tentar matar o político no meio de uma multidão durante um ato de campanha em Juiz de Fora, também em Minas Gerais, em 6 de setembro de 2018.
No mês seguinte, impulsionado pelo clamor popular e ainda se recuperando, Bolsonaro venceu a eleição.
O juiz Bruno Savino, da Justiça Federal em Juiz de Fora, impôs ao réu uma sentença de absolvição imprópria — que o reconheceu como autor, mas o isentou de pena por ser inimputável— e mandou que ele cumprisse medida de segurança, uma espécie de internação, na penitenciária em Mato Grosso do Sul.
A Polícia Federal, em dois inquéritos, concluiu que Adélio agiu sozinho, sem o envolvimento de mandantes ou comparsas, e que foi movido por discordâncias políticas. No ano passado, as investigações foram reabertas com foco no financiamento dos advogados que o defenderam inicialmente.
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