Monitoramento

Abin usou programa secreto para monitorar localização de pessoas por meio do celular

A agência comprou o software por R$ 5,7 milhões, com dispensa de licitação, no fim de 2018, ainda na gestão de Michel Temer. A ferramenta foi utilizada ao longo do governo Bolsonaro até meados de 2021.

Ipolítica, com informações de o Globo

Agência Brasileira de Inteligência utilizou ferramenta sem autorização legal
Agência Brasileira de Inteligência utilizou ferramenta sem autorização legal (Reprodução Abin)

BRASÍLIA - A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) operou um sistema secreto de monitoramento da localização de cidadãos em todo o território nacional nos três primeiros anos do governo Bolsonaro.

É o que mostra documentos obtidos pelo Globo e divulgados somente nesta terça-feira. Há relatos de servidores. A ferramenta permitia, sem qualquer protocolo oficial, de acordo com a publicação, monitorar os passos de até 10 mil proprietários de celulares a cada 12 meses. 

Para alcançar o monitoramento, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a última localização conhecida do dono do aparelho.

Integrantes do órgão chegaram a questionar internamente a medida, uma vez que a agência não possui autorização legal para acessar dados privados. 

Leia também: Morre ex-ministro Eliseu Padilha

Investigação

O caso motivou a abertura de investigação interna e, para especialistas, a vigilância pode ainda violar o direito à privacidade. A Procurada, a Abin disse que o sigilo contratual a impede de comentar.

A ferramenta, chamada “FirstMile”, ofereceu à agência de inteligência a possibilidade de identificar a “localização da área aproximada de aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G”, segundo apurou o jornal. 

A plataforma foi desenvolvida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), e permitia rastrear o paradeiro de uma pessoa a partir de dados transferidos do celular para torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões. 

Com base no fluxo dessas informações, o sistema oferecia a possibilidade de acessar o histórico de deslocamentos e até criar “alertas em tempo real” de movimentações de um alvo em diferentes endereços.

A agência comprou o software por R$ 5,7 milhões, com dispensa de licitação, no fim de 2018, ainda na gestão de Michel Temer. A ferramenta foi utilizada ao longo do governo Bolsonaro até meados de 2021.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.