Após morte de cidadão negro

Secretaria investiga empresa de segurança que atua no Carrefour

Empresa tem como sócio um cabo da Polícia Militar de São Paulo.

Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h05
Cidadão negro João Alberto de Freitas foi morto espancado por dois seguranças brancos.
Cidadão negro João Alberto de Freitas foi morto espancado por dois seguranças brancos. (Foto: Max Correa/RBS TV)

BRASÍLIA - A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) iniciou na tarde do sábado (21) uma apuração rigorosa no quadro societário e de funcionários da empresa Vector Segurança Patrimonial, empresa terceirizada responsável vigilância da unidade do Carrefour, em Porto Alegre, onde ocorreu o espancamento e morte de João Alberto Silveira Freitas, cidadão negro, de 40 anos de idade, na noite do dia 19 de novembro.

A apuração vai verificar infrações à Lei nº 10.261 (Estatuto do funcionalismo público do Estado de São Paulo) e à Lei Complementar nº 893 (Regulamento Disciplinar da Polícia Militar). O regulamento disciplinar define como transgressão disciplinar grave “exercer, o militar do Estado em serviço ativo, o comércio ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade comercial com fins lucrativos ou dela ser sócio, exceto como acionista, cotista ou comanditário”.

Segundo pesquisa na Junta Comercial de São Paulo, a cabo da Polícia Militar de São Paulo Simone Aparecida Tognini aparece na ficha cadastral da empresa como sócio-administrador da empresa Vector Segurança Patrimonial.

“Todos os casos que forem constatados terão a abertura imediata de procedimentos administrativos”, diz a nota da SSP-SP

Outro lado

A Agência Brasil entrou em contato com a empresa Vector Segurança Patrimonial para comentar sobre a apuração da SSP, mas até o momento não teve retorno.

No site da empresa, o grupo informa, em nota, que lamenta profundamente os fatos ocorridos no Carrefour de Porto Alegre. “O Grupo Vector lamenta profundamente os fatos ocorridos na noite de 19/11/2020, no Carrefour de Porto Alegre, se sensibiliza com os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência, especialmente aquelas decorrentes de intolerância e discriminação.

Comunica que rescindiu por justa causa os contratos de trabalho dos colaboradores envolvidos na ocorrência.” Não obstante, a empresa tomará as medidas cabíveis, estando à disposição das autoridades e colaborando com as investigações para apuração da verdade”, diz a nota.

A empresa esclareceu, ainda, que não atuava na área de vigilância do supermercado, mas sim na fiscalização de prevenção e perdas.

A nota diz, por fim, que o “Grupo Vector, fundado em 1993 e com cerca de 2.000 funcionários, submete seus colaboradores a treinamento adequado inerente às suas atividades, especialmente quanto à prática do respeito às diversidades, dignidade humana, garantias legais, liberdade de pensamento, bem como à diversidade racial e étnica”.

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