BRASÍLIA - O Brasil registrou uma série de avanços nos direitos de crianças e adolescentes e o resultado de políticas protetivas, de incentivo à educação e de promoção da saúde nessa faixa etária se reflete também nas populações migrantes acolhidas no país. A avaliação é da representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no país, Florence Bauer.
Desde 2017, mais de 200 mil pessoas já entraram no Brasil fugindo da crise econômica, política e social na Venezuela. Desse total, segundo o Unicef, quase 10 mil são crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. O número é uma projeção, já que não há dados oficiais, e engloba o período entre 2015 e 2019.
“O Brasil teve um papel muito importante desde o início [da crise venezuelana]. O Brasil investiu recursos na Operação Acolhida e obteve uma resposta muito positiva. A liderança do governo do Brasil nesse tipo de situação é exemplar. O Brasil tem um papel acolhedor e provê todos os serviços básicos que as crianças precisam. Mas, ainda assim, há desafios para a integração dessa população e esse é o trabalho que o Unicef planeja desenvolver a partir de agora”, afirmou Florence.
Desafios para o futuro
Apesar do bom desempenho do país, o órgão das Nações Unidas indica diversos avanços possíveis na área. Dados do relatório que marca os 30 anos da Convenção Sobre os Direitos da Criança, divulgado esta semana e do qual o Brasil é signatário, indicam que cerca de 27 milhões de crianças ainda sofrem privação de pelo menos um dos direitos básicos fundamentais.
Além disso, quase 2 milhões de crianças e adolescentes estão fora da escola na faixa etária compulsória, dos 4 aos 17 anos. O relatório aponta ainda aumento alarmante de homicídios entre jovens de 10 a 18 anos: 191 mil mortes na última década.
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