Fiocruz retomará exportação de vacinas contra a febre amarela
Ministro da Saúde alertou para o baixo nível de imunização das populações, problema que, segundo ele, atinge não só o Brasil, mas países desenvolvidos como os Estados Unidos e a França.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou a retomada da exportação da vacina da febre amarela, suspensa em 2017 e 2018 para atender à demanda interna, quando o país passava por surtos da doença. Os recursos obtidos com a exportação vão retornar à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para reinvestimento na produção de vacinas.
Segundo o ministério, este ano e em 2020 o Instituto de Tecnologia em Imunológicos (Bio-Manguinhos) da Fiocruz vai fornecer 23 milhões da vacinas para a Organização Pan-Americana (Opas) e para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O anúncio foi feito hoje (22), na 20ª Reunião Anual da Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN, na sigla em inglês), que reúne até amanhã produtores públicos e privados no Rio de Janeiro.
Surto
De acordo com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, no momento em que ocorreu o surto da doença no Brasil, a produção da vacina contra a febre amarela foi intensificada para atender à demanda nacional. Agora, no entanto, do ponto de vista internacional, a Fiocruz tem condições de, por meio do fundo da Organização Pan-americana de Saúde, disponibilizar a vacina contra a febre amarela já no próximo ano, com aumento no ano seguinte. “Já está bem organizado no nosso laboratório Bio-Manguinhos”, assegurou.
Imunização
Ao falar no encontro, o ministro da Saúde alertou para o baixo nível de imunização das populações, problema que, segundo ele, atinge não só o Brasil, mas países desenvolvidos como os Estados Unidos e a França. Essa situação, conforme o ministro, é uma das causas do retorno de doenças como o sarampo, que já estava erradicado em várias partes do mundo.
Mandetta apontou ainda a desinformação, causada por fake news ou por falta de memória de novas gerações, sobre os efeitos das doenças. “Tem um somatório de ignorância e falta de conhecimento sobre a doença. Na nossa geração, as nossas mães e nossos avós quando falavam das grandes campanhas de vacinação era uma mobilização nacional. O país parava na campanha da pólio no final dos anos 80. Era uma mobilização das mães. Hoje as mães das novas gerações acham que é uma coisa ultrapassada, doenças que elas nunca mais ouviram”, disse.
Dados
O ministro adiantou que amanhã (23) o Ministério da Saúde vai abrir os dados de vacinação por cidades, para avaliar as que estão com os níveis mais baixos de vacinação e onde precisa intensificar a imunização. Ele informou que foi alcançado no sábado passado (19), o percentual de 88% da meta de 95% estabelecida pela pasta para a vacinação contra o sarampo. “Vamos ficar até o final do mês [com a vacinação]. É capaz de que no total nessa faixa de seis meses a cinco anos a gente vai atingir os 95%, mas nós vamos achar locais e cidades que não vacinaram e a gente vai poder abrir para população em geral”, disse.
De acordo com Mandetta, o estado com melhor nível de vacinação é o Ceará. Entre os mais vulneráveis, apontou o Pará e a Bahia, onde a imunização está baixa. “Há estados que precisam fazer realmente um movimento de campanha muito forte. A Bahia, por exemplo, vai passar agora pelo verão, e o número de turistas, de navios que vão atracar [será grande], então a gente precisa aumentar a vacinação lá”, alertou.
No dia 18 de novembro o Ministério da Saúde vai começar a vacinação contra o sarampo para a faixa de idade entre 20 e 29 anos.
Pentavalente
O ministro disse que o problema de aquisição da vacina pentavalente - a combinação de cinco vacinas individuais em uma - continua, mas a expectativa é que a questão esteja solucionada até o fim de novembro. Segundo Mandetta, a vacina é distribuída pela Opas, e utilização das doses enviadas ao Brasil foi suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por suspeitar da qualidade da vacina, que poderia ter passado por uma variação de temperatura no seu transporte e, por isso, ter se tornado ineficiente.
Mandetta disse que a questão está sendo esclarecida e que a Opas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) continuam distribuindo a vacina para outros países. “Como eles travaram, nós encomendamos [em outro laboratório]. Vacina não é como comprimido, que se pega no armário e compra. Se encomenda. Nós começaremos [a comprar] de outro laboratório a abastecer o Brasil agora em novembro”, disse.
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