RIO - A Companhia Vale do Rio Doce anunciou hoje que suspenderá a venda de minério para as empresas brasileiras que representem uma ameaça ao meio ambiente ou às leis trabalhistas.
"A partir de 1º de setembro de 2007, será cortado o fornecimento de minério de ferro a usinas de gusa que não respeitem as legislações ambiental e trabalhista no Brasil", afirmou a empresa em comunicado.
A Vale disse que as primeiras empresas que terão seu fornecimento de minério cortado serão a Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar) e a Usina Siderúrgica de Marabá S/A (Usimar), ambas no Pará.
A decisão pode se estender a outras siderúrgicas na Amazônia a usar carvão vegetal produzido ilegalmente com a derrubada de árvores para processar gusa, como é conhecida a liga de ferro fundido com carvão usada como matéria-prima para aço.
Há meses, o Ministério do Meio Ambiente realiza uma campanha para punir as siderúrgicas, acusadas de derrubar ilegalmente 120 mil árvores da Amazônia por dia.
As campanhas de fiscalização do Ibama verificaram que cerca de 80% do carvão vegetal que abastece as siderúrgicas de gusa no Maranhão e no Pará são provenientes do desmatamento ilegal da floresta.
"As fiscalizações feitas pelo Ibama confirmaram danos ao meio ambiente" causados pelas duas primeiras empresas que tiveram o fornecimento suspenso, afirmou a Vale ao justificar sua decisão.
A mineradora esclareceu que o Ibama, após concluir um relatório sobre irregularidades ambientais nas siderúrgicas no Pará e no Maranhão, apresentou este mês denúncias penais contra as duas empresas acusadas.
"Agindo de acordo com os princípios de desenvolvimento sustentável com os quais se comprometeu, a Companhia Vale do Rio Doce exige de seus clientes e fornecedores o cumprimento das legislações ambiental e trabalhista em vigor", acrescentou a empresa.
Na nota, a mineradora reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável nas regiões nas quais atua.
No primeiro semestre do ano, a Vale obteve o maior lucro líquido conquistado por uma empresa privada brasileira nos últimos 20 anos.
Nos primeiros seis meses do ano, o lucro foi de R$ 10,937 bilhões, 79,6% a mais que no mesmo período do ano passado.
As exportações da empresa no primeiro semestre chegaram a US$ 6,4 bilhões e representaram 29,1% do superávit comercial do Brasil no período.
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