Condenado pela morte de Chico Mendes é preso no Acre

Jairo Barbosa - O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 14h18

RIO BRANCO (AC) - No mesmo dia em que foi denunciado por crime ambiental, o fazendeiro Darli Alves, de 71 anos, acabou preso, mas por outro crime. Cumprindo mandado de prisão expedido no dia 17 de junho pelo juiz federal Francisco de Assis Garcês Castro Júnior, de Santarém (PA), policiais civis de Xapuri, a 180 quilômetros de Rio Branco, prenderam o fazendeiro na quarta-feira no momento em que ele estava no cartório da cidade.

O fazendeiro será levado para Belém. A decisão judicial foi motivada por um homicídio ocorrido em 1980, sem relação com a morte de Chico Mendes e do processo por crime ambiental a que Darli responde.

Em liberdade condicional há dois anos, depois de 19 anos na prisão acusado de ser o mandante do assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, morto em 1988, Darli estava morando em Xapuri, onde administrava a fazenda Paraná, de sua propriedade. Em maio do ano passado, ele atropelou e matou uma mulher em Brasiléia (AC) e responde a processo por homicídio doloso.

Em Xapuri, Darli foi apresentado à juíza Zenair Bueno, que o ouviu em audiência e determinou sua imediata transferência para Rio Branco. No mesmo mandado, a Justiça também decretou a prisão do filho de Darli, Darci Alves, que cumpre pena em regime semi-aberto no presídio da Papuda, em Brasília. Por meio de ofício, o juiz determinou a suspensão do benefício a Darci, que terá que ficar detido em regime fechado no presídio.

Segundo o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), a fazenda de Darli está entre as propriedades rurais flagradas praticando queimadas ilegais na Amazônia.O sistema de sensoriamento do Imac identificou 289 focos de queimadas no Acre nas últimas três semanas. Os locais das queimadas ilegais serão vistoriadas por técnicos do instituto a partir de amanhã. Só após a vistoria os fiscais vão estabelecer o valor das multas. Darli e os demais fazendeiros autuados pelo Imac terão de replantar a área destruída pelo fogo e apresentar um relatório de manejo florestal.

A Delegacia de Crimes contra o Meio Ambiente do Ministério Público do Acre vai cuidar do caso. Além de Darli, está na lista dos proprietários notificados o presidente da Federação de Agricultura do Acre, Assuero Veronez, dono de uma fazenda na BR-317. De acordo com levantamento do Imac, Darli teria realizado queimadas ilegais na fazenda Paraná, perto de Xapuri, a 180 quilômetros de Rio Branco.

Segundo as fotos de satélite do Imac, as queimadas foram de grandes proporções e ilegais, já que a queima de pastos e áreas similares está proibida no Acre. Técnicos do Imac vão percorrer todas as propriedades identificadas pelo satélite para medir o tamanho da área devastada pelo fogo.

O presidente da Federação da Agricultura do Acre, Assuero Veronez, disse que vai aguardar a notificação oficial para se pronunciar sobre o caso.

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