SÃO PAULO - Champinha, o rapaz que assassinou a estudante Liana Friedenbach, é do ponto de vista jurídico um 'órfão da lei'. A partir de novembro, ele não poderá mais ficar na Fundação Para o Bem-estar do Menor (Febem), porque já ficou lá por três anos, tempo máximo permitido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ele não poderá ser transferido para um manicômio judiciário, porque os laudos assinados por especialistas mostram que ele não é psicopata, mas possui apenas um retardo mental leve.
Champinha também não será transferido para uma cadeia comum, porque era menor quando cometeu o crime. E livre na sociedade nada garante a recuperação do rapaz, que é definido por psiquiatras como um 'camaleão', ou seja, influenciável pelo meio. Se voltar a conviver com criminosos ou bandidos, ele voltará agir como um deles.
Segundo o psiquiatra forense Breno Montanari, que com mais especialistas fez testes de personalidade e assinou os laudos psiquiátricos do rapaz, Champinha não pode ser considerado um psicopata. Ele sozinho não teria iniciativa para matar os estudantes. O psiquiatra acredita que só juntos os cinco criminosos poderiam planejar e cometer o assassinato de Felipe Caffé e Liana Friedenbach.
- Champinha é uma espécie de laranja, um aviãozinho. Só faz que os outros mandam. Não que ele não entenda o que é certo ou errado. Mas só é capaz de agir numa espécie de associação criminosa, como foi no caso da morte dos estudantes. Se voltar a conviver com bandidos, agirá de novo como um deles. Também não é um caso de psicopatia, porque ele não é inteligente, esperto para bolar o crime - diz o psiquiatra.
O psiquiatra forense avalia que Champinha, neste instante, tem um problema legal.
- A Justiça não tem um instrumento que o mantenha preso depois que sair da Febem. Os laudos indicam que ele não é psicopata, não tem retardo mental grave, portanto não pode ir para o manicômio. Também não pode ir para a cadeia, já que era menor quando cometeu o crime. Eu, pessoalmente, acho que ele deve pagar pelo que fez. Toda a sociedade pensa dessa forma e há pressão para isso. Mas há um furo legal que não dá a ele a pena que merece - analisa o psiquiatra.
Mesmo se continuasse na Febem, Champinha não sairia de lá recuperado, já que continuaria convivendo com infratores.
Na avaliação de Breno Montanari, Champinha provavelmente teve uma espécie de paralisia cerebral durante o parto. Por isso, teve um problema de desenvolvimento em sua personalidade.
Na análise do psquiatra, o retardo mental leve de Chapinha permite que ele estude até a 3ª série do Ensino Fundamental no máximo. Ou seja, mesmo que estivesse no convívio de uma família de classe média, estruturada, ele ainda teria limitações. Mesmo assim, diz o psiquiatra, ele poderia voltar a viver em sociedade, desde que longe de bandidos.
De acordo com o especialista, ele reconhece algumas situação e de outras não tem noção. Por exemplo, ele não sabe discernir o que é uma boa ou má companhia para ele. Mesmo assim, diz Montanari, Champinha tem condições de reconhecer o que é um crime. Tanto, lembra o psiquiatra, que quando a polícia o interrogou sobre Liana, e ela ainda estava viva e no cárcere, ele mentiu e afirmou que não estava com a garota.
- Estudamos a possibilidade de pedir após a soltura na Febem um acompanhamento com assistente social e psicólogo para não se perder o caso do Champinha de vista - concluiu.
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