Caso Dorothy Stang: Tato é condenado a 18 anos de prisão

Portal ORM

Atualizada em 27/03/2022 às 14h23

BELÉM - A Justiça condenou nesta quarta-feira (26), Amair Feijoli da Cunha, o Tato, a 27 anos de prisão, mas a pena foi reduzida em 1/3 por conta da delação premiada, já que Amair apontou Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão, como mandantes do crime. Amair foi considerado pelo júri como o intermediário do crime que levou a missionária norte-americana Dorothy Stang à morte, em fevereiro do ano passado, em Anapu. Os jurados recusaram a tese proposta pela defesa baseada na coação moral e menor participação do réu, eles também reconheceram a responabilidade de Tato na morte de Dorothy Stang.

O julgamento de Amair Feijoli da Cunha começou por volta de 8h30 da manhã de hoje. Tato disse que os mandantes do crime eram Bida e Taradão. No entanto, na época da instrução do processo, o acusado negou que os dois fossem os mandantes. 'Foi pressão de advogados', disse Tato, que em seguida afirmou ao juiz que foi pressionado por seu representante legal na época para que negasse a participação de Bida e Taradão. No depoimento de hoje, Tato novamente confirmou a participação dos dois como mandantes do crime.

Tato também confirmou que antes de Rayfran das Neves Sales ser contratado para matar Dorothy Stang, o pistoleiro conhecido como Sanclair foi levado por Bida de Xinguara para Anapu com a intenção de matar a missionária. O acusado também atribuiu a Regivaldo Galvão, o Taradão, as afirmações: 'Enquanto não se der fim desta mulher (Dorothy Stang), não vamos ter paz nestas terras de Anapu' e 'Fala para o Rayfran que se ele quiser tem R$ 50 mil para matar a irmã Dorothy'. Segundo Tato, a primeira afirmação foi feita em Altamira em frente a uma loja de carros.

Outro ponto confirmado pelo réu foi o repasse da arma que matou Stang. Ele afirmou que foi Bida quem deu a arma do crime a Rayfran das Neves Sales, já condenado pelo crime. A defesa também questionou o réu a respeito da dispensa de sua única testemunha. Tato disse que preferiu que a esposa fosse dispensada por temer pela vida dela. A advogada de defesa, Dalza Barbosa, também perguntou ao acusado se ele tinha conhecimento de que a esposa dele, Elizabeth Coutinho Cunha, fora procurada na última semana por advogados para assinar uma procuração destituindo a Dalza Barbosa da defesa de Amair. O réu confirmou o fato e disse também que a esposa procurou o presidente do Tribunal de Justiça do Pará, Milton Nobre, para denunciar a pressão que sofreu.

De acordo com a legislação penal brasileira, se o acusado cumprir 1/3 da pena e tiver bom comportamento, poderá sair da prisão em seis anos.

Repercussão - Os irmãos de Dorothy Stang se disseram felizes com a condenção de Tato. 'Estamos muito orgulhosos com o júri, com o julgamento', disse David Stang. 'O mais importante ainda está por vir', disse. 'O processo contra os mandantes deve ser apressado, queremos que eles permaneçam presos', afirmou David Stang. Já a irmã de Dorothy, Margareth Stang, disse que o julgamento é uma demonstração de que 'o Brasil é um país justo'.

Da família de Amair Feijoli da Cunha estavam presentes a irmã, a esposa Elizabeth Coutinho Cunha e os dois filhos do casal. No momento em que a sentença foi proferida, o filho de Amair chorou muito amparado pela mãe. Elizabeth Coutinho, que a princípio foi arrolada como testemunha de defesa, não quis falar com a imprensa.

O caso - Tato é o terceiro preso sob acusação de envolvimento na morte da missionária a sentar no banco dos réus. Em dezembro passado, Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, foram condenados a 27 e 17 anos de prisão, respectivamente, por terem executado a missionária Dorothy Stang. A americana foi morta com seis tiros no travessão do Projeto de Desenvolvimento Sustentável, em Anapu, no dia 12 de fevereiro do ano passado.

Ainda não foram a julgamento dois envolvidos no crime: Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida e Regivaldo Galvão, o Taradão. Os dois estão presos no Presídio Estadual Metropolitano III (PEM III), onde aguardam julgamento e para onde deve retornar Amair Feijoli da Cunha. Além de Tato, já foram condenados Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo. Eles foram à julgamento no final do ano passado e foram condenados a 27 e 17 anos de prisão respectivamente.

A Polícia Civil chegou ao paradeiro de Amair no dia 19 de fevereiro do ano passado. Temendo ser preso, ele se apresentou ao lado de um advogado na Superintendência da Polícia Civil de Altamira. Oito dias após o crime, em 20 de fevereiro, a Polícia Civil prendeu o principal executor do assassinato. Rayfran das Neves Sales foi capturado e confessou a autoria dos disparos que mataram a missionária.

Ao ser interrogado no mesmo dia, ele acusou um político da região de Anapu como o mandante do crime. Porém, no mesmo dia, em outro depoimento, desta vez prestado na Polícia Federal, ele negou essa versão e confessou o nome do mandante e o do intermediário.

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