PF prende acusados de assalto ao Banco Central em Fortaleza

Jailton de Carvalho e Isabela Martin - O Globo

Atualizada em 27/03/2022 às 14h36

FORTALEZA e BRASÍLIA - Cinqüenta dias depois do roubo de R$ 164,7 milhões no Banco Central de Fortaleza, a Polícia Federal prendeu quarta-feira mais cinco envolvidos no crime. Eles estavam escondidos numa casa no bairro do Mondubim, na periferia de Fortaleza, onde foram encontrados cerca de R$ 12 milhões em notas de R$ 50. O dinheiro era guardado no fundo falso do piso de um dos três quartos. A maior parte ainda estava com lacres do BC.

O roubo de dinheiro do cofre do BC foi o maior da História do Brasil. A quadrilha invadiu o cofre perfurando um buraco no solo, fim da linha de um túnel de 80 metros de extensão, que em alguns pontos tinha quatro metros de profundidade. O circuito interno de televisão não gravou imagens. O montante roubado pesava em torno de 3.500 quilos.

O dinheiro encontrado quarta-feira foi levado para ser contado no Banco Central. Ao todo, foram recuperados até agora cerca de R$ 18 milhões, apenas 11% do dinheiro roubado no dia 8 de agosto. Também foram apreendidos uma pistola carregada, modelo ponto 40, privativa da polícia, e três carros: uma Pajero, com placa de Santana de Paranaíba (SP), uma Montana, com placa de Mossoró (RN), e uma Kombi.

Os veículos serão periciados porque podem ter dinheiro escondido na lataria, como os que foram enviados numa cegonha para São Paulo logo após o assalto. O superintendente da Polícia Federal, João Batista Santana, acha difícil recuperar a maior parte do dinheiro.

VIZINHOS DESCONFIADOS - Os policiais chegaram à quadrilha a partir de um detalhe prosaico: um deles fez uma compra exagerada de sacos plásticos e elásticos de borracha (usados para amarrar pacotes de cédulas) e, com isso, chamou a atenção dos investigadores. A polícia está fazendo a identificação dos presos, que usavam documentos falsos. Eles seriam de São Paulo e Minas Gerais. Apenas um é cearense.

Segundo vizinhos, a casa foi comprada pelos bandidos por R$ 70 mil depois do roubo. O imóvel estava sendo reformado. O bairro Mondubim é de classe média baixa. Foi a intensa movimentação dos veículos importados que alertou a polícia. Eles costumavam fazer festas nos finais de semana e muitas mulheres freqüentavam o local. Acredita-se que a Pajero e a Montana façam parte dos 11 veículos comprados pela quadrilha, à vista, na revendedora Brilhe Car.

Os proprietários da loja, que foram denunciados por lavagem de dinheiro, ganharam liberdade condicional na semana passada. Está preso desde o dia 11 de agosto o empresário José Charles de Morais, denunciado por lavagem de dinheiro. Ele é o dono da transportadora J.E Transporte, e foi preso quando levava dois carros para São Paulo.

SUSPEITA DO MP - O Ministério Público Federal (MPF) afirma que a quadrilha tinha um "braço de apoio na instituição". Alguém de dentro teria fornecido a planta do caixa-forte e dado informações sobre a inexistência de sensores de impacto no piso.

O MPF denunciou seis pessoas acusadas por furto qualificado, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, e afirma, num relatório encaminhado à Justiça federal, que parte do dinheiro saiu da cidade em sacos de cereais despachados num vôo comercial para São Paulo. De acordo com a denúncia, o bando tentou fugir fretando um avião de pequeno porte com destino à capital paulista.

No dia 2 de agosto, três dias antes do roubo, os empresários José Elizomarte Fernandes Vieira e José Charles Machado Morais estiveram no Aeroporto Internacional Pinto Martins acompanhados do assaltante Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão, e de Paulo Sérgio de Souza, nome falso de um dos integrantes da quadrilha. Eles tentaram fretar o avião para conduzir oito pessoas, mas não havia disponibilidade.

Sem o avião, segundo relatório, o bando traçou um arriscado plano de fuga. Foi o depoimento de três taxistas que levaram parte da quadrilha para o aeroporto no dia 6 de agosto, após o roubo, que revelou como parte do dinheiro roubado foi embarcada. Eles teriam dito que uma camionete Chevrolet Silverado, onde estaria a maior parte do dinheiro, seguiu os táxis até o terminal do aeroporto.

Além dos empresários José Elizomarte, Francisco Dermival e José Charles, que estão presos na Polícia Federal, o MPF denunciou à Justiça Antônio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão; Marcos Rogério Machado de Morais, irmão de Charles, identificado como chefe de uma quadrilha do Morro dos Macacos, no Rio, e Tadeu de Souza Matos.

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