Pai de Pedro Dom: 'Peço desculpa a todos'

Marcos Pernambuco - Extra

Atualizada em 27/03/2022 às 14h37

RIO - O policial civil aposentado Luiz Victor Lomba, pai de Pedro Dom, diz não ter vergonha do filho. Mesmo assim, afirma que devolveria o dinheiro roubado pelo bandido. E confessa que errou

Um dia após a morte de seu filho, o pai de Pedro Dom chega a uma triste conclusão: diz que errou e que faria tudo diferente.

Como o senhor avalia a ação da polícia?

Bater na polícia não vai trazer meu filho de volta. Ele já morreu. Mas tenho certeza de que Pedro foi executado. Eu vi o corpo dele com um tiro. Agora apareceram quatro.

O senhor está envergonhado filho que teve?

Nunca. Sou o pai do Pedro e eu o amo. Morto ou vivo. Eu era a única pessoa que ele respeitava. Nunca fumou maconha ou portou armas perto de mim. Sei o quanto ele era legal, macho e amigo. Apesar de tudo o que ele fez, morreu como homem, e não como uma galinha. Ele queria se entregar, mas não deu tempo.

O que deu errado na educação de Pedro?

Eu errei. Meu casamento era uma porcaria. Faltava amor, faltava tudo. Uma briga só. Eu queria esperar meus filhos crescerem para me separar. Mas um dia achei que tinha o direito de ser feliz sozinho. O problema é que o Pedro só tinha quatro anos. Acho que fui egoísta. Eu deveria ter tentado segurar o casamento mais uns quatro anos. Se tivesse uma segunda chance, eu faria diferente.

O que o senhor diria para as vítimas de assaltos praticados por Pedro Dom?

Faço questão de pedir desculpa a todos que sofreram por causa do meu filho. De coração. Se tivesse dinheiro, restituiria todos. Embora não pudesse apagar o trauma.

Quem mais tem culpa?

A Bibiana. Uma ex-namorada de Pedro, que fez parte do bando de Mauricinho Botafogo. Essa mulher era drogada e ferrou a vida do meu filho. Ela o levou para o crime. Eu já quis matá-la. Tive as sensações menos humanas em relação a ela. Mas matar não resolveria nada.

Quantos assaltos o senhor acredita que Pedro praticou?

O perfil dele, traçado pela polícia, foi exagerado. Acredito que cerca de 80% dos crimes atribuídos a ele foram cometidos por outros.

Qual foi a última conversa entre vocês?

Encontrei meu filho na véspera de sua morte. Pedi que ele se entregasse. Pedro me prometeu que aceitaria ser preso e que terminaria os estudos atrás das grades. Mas ele, era como eu, não tinha medo de nada.

Como foi vê-lo morto?

Uma imagem que jamais sairá da minha cabeça é a do buraco da bala em seu peito, e o fato de eu não ter conseguido fechar seus olhos. Enfiei o dedo dentro de seu corpo e toquei seu coração, literalmente, me banhando de sangue. Agora, só me resta olhar para uma foto do Pedro com a minha filha mais velha e meu falecido pai, tirada quando meu filho estava internado em Campinas, lindo.

O senhor é contra a legalização das drogas?

Radicalmente contra. Foi um cigarro de maconha que acabou com a vida do Pedro. Um maconheiro pode virar bandido, enquanto outro pode se tornar um intelectual.

Que recado o senhor daria para pais de jovens?

Meu coração pede para eu impedir que outros Pedros surjam. Só tenham filhos se vocês se amarem. E, se um dia o amor acabar, lembrem-se que o filho nasceu de um amor, que não pediu para nascer. Acompanhem seus filhos. Não adianta só dar dinheiro. Conversem sobre todos os assuntos com os filhos.

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