SÃO LUÍS - A polícia maranhense confirmou ontem os outros três assassinatos cometidos pelo hippie José Vicente Matias, o Corumbá ou Magrão. Com isso, sobem para seis as vítimas do matador, que disse ouvir vozes do demônio, que o incentivava a cometer os crimes. A próxima vítima, caso não fosse preso, seria uma ruiva, de olhos esverdeados, que possivelmente se chamaria Helen. O crime poderia ser cometido no Pará.
Ontem, os delegados responsáveis pelas investigações fizeram uma apresentação sobre a prisão e elucidação de crimes cometidos pelo acusado. Fotos e mapas serviram de apoio para que os delegados Clécio Zottis, Daniel Brandão e José Maria Melônio pudessem explicar tudo o que já foi apurado. O secretário de Segurança, Raimundo Cutrim, também participou da coletiva à imprensa.
Quando foi preso, o hippie agradeceu à polícia maranhenses por tê-lo encontrado e desabafou: “Ainda bem que me prenderam. Não queria mais matar ninguém”. Essa declaração deu aos policiais a certeza de que estavam lidando com um matador em série.
Depois de apresentar várias versões para os homicídios cometidos no Maranhão, o hippie chegou a garantir que estes eram seus únicos crimes. Mais tarde, ele acabou confessando outros três assassinatos, praticados contra mulheres.
Ritual
À polícia, Corumbá terminou confessando uma nova motivação para seus crimes. Anteriormente, ele alegava revolta contra estrangeiras. Dizia ser impotente e que as mulheres debochavam dele e por isso as matava.
Neste fim de semana, ele garantiu que é liderado por uma força do mal, o demônio, Lúcifer, o diabo, como revelou. Segundo ele, tudo começou em setembro de 1999 ao passar por um portal, em serra de Rio Quente, em Goiás. “Depois que passei pelo portal, vi ‘ele’. Ele passou a me aparecer de várias formas, como gente, gnomo. Sempre mandava eu fazer estas coisas”, disse. As vítimas, garantiu, eram mostradas com antecedência. “Eu via os rostos e às vezes ele me apontava elas. Não tinha dificuldade em encontrá-las, pois elas vinham a mim”.
Após matar as vítimas, ele disse que bebia o sangue e passava pelo corpo também. Este ritual serviria para que tivesse vida eterna. “Desde essa época, nunca me faltou grana. Nunca me faltou nada”, revelou.
Mesmo preso, Corumbá diz que vê o demônio. “Ele apareceu para mim ontem à noite. Disse: ‘Vá a Helen’. Hoje mesmo ele está ao meu lado, dando força para eu falar com todos vocês”.
Cronologia
Segundo Corumbá, sua primeira vítima seria a adolescente, de 15 anos, Natália Canhas Carneiro. O crime aconteceu em setembro de 1999 no município turístico de Três Marias, a 276 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
A jovem participava de um Carnaval Fora de Época naquela cidade. Ele revelou que aproximou-se da garota, que havia se juntado a outros hippies que estavam no local. Depois de conversar, convidou-a para passearem em um local mais reservado.
Natália Carneiro foi morta a dentadas e pedradas na cabeça e por todo o corpo. A vítima foi coberta com galhos e folhas, sendo encontrada apenas 32 dias depois.
Após matar a jovem, Corumbá teria retornado à festa e ali permaneceu mais alguns dias, até o fim do Carnaval Fora de Época, quando viajou para o norte de Minas e posteriormente para outro estado.
A polícia de Três Marias tinha informações de que a vítima havia sido vista na micareta acompanhada de hippies, mas não conseguiu localizá-los, pois, quando o corpo foi encontrado eles não estavam mais na cidade. O inquérito foi concluído sem autoria definida. Esta semana, entretanto, ao tomar conhecimento por meio da polícia maranhense sobre as declarações de Corumbá, a Justiça de Três Marias encaminhou precatória para que o ele seja ouvido sobre esse episódio.
O segundo crime cometido por Corumbá teria ocorrido na Bahia, no povoado São João, município de Lençóis. A vítima, Simone Lima Pinho, tinha 26 anos, morava em Salvador e teria sido atraída até o local de sua morte. Corumbá ressaltou que matou a mulher a pedradas e cobriu o corpo com pedras, em uma trilha a 3 km de Lençóis. O corpo de Simone Pinho nunca foi encontrado, mas o acusado diz ter condições de indicar o lugar onde o deixou.
O terceiro ocorreu em 19 de janeiro de 2004, e a vítima foi a adolescente Lidiayne Vieira de Melo, de 16 anos. Este crime não teve as mesmas características dos demais. A jovem teria sido decapitada no interior de uma residência, no bairro Coritiba II, em Goiânia.
Ela queria ser tatuada. Passou dois dias sob o jugo de Corumbá e terminou sendo morta a facadas e decaptada. Lidiayne teria sido amarrada e o sangue que saiu do corte no pescoço teria sido bebido pelo acusado e passado em seu corpo, seguindo o ritual demoníaco que ele alegou praticar para conseguir riqueza e felicidade. Em seguida, foi feita uma cruz sobre o corpo, que foi esquartejado.
O cadáver da mulher teria sido deixado na localidade Córrego Fundo, mas a cabeça foi abandonada a 150 metros do local.
A quarta vítima teria sido a judia russa Katryn Ratikov, em Pirenópolis, Goiás, em 28 de abril de 2004. Ela foi atraída para a área da Cachoeira de Andorinhas, a cerca de 2 km da sede do município.
A jovem foi executada com pedradas na cabeça e o cadáver foi coberto com pedras, conforme alegou o acusado, que disse ter condições de apontar o local onde abandonou o corpo. “Eu disse que um dia voltava lá para vê-la”, contou.
Após matar Katryn Ratikov, com quem garantiu ter mantido um relacionamento, apesar de ter confessado que é impotente, Corumbá viajou por outros municípios de Goiás. Após a morte da jovem, ele veio para o Maranhão, onde matou a alemã Marianne Kern, em Barreirinhas, e a espanhola Núria Fernandez, em Alcântara, finalizando as seis mortes.
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